Elas amam as estrelas e estão ligadas ao universo, seja pela astronomia ou por áreas ligadas à ciência que estuda os astros – como a física, a matemática, a engenharia ou até mesmo a filosofia.
Desde que o mundo é mundo e que olhar para o céu também passou a ser um questionamento da dinâmica dos sistemas, as mulheres estão presentes nos debates e nos achados astronômicos.
Passaram, ao longo da história, por percalços que as colocaram em situação de desigualdade, como preconceitos e normas que as deixavam de fora da jogada. Caminham ainda. Mas, desbravadoras que são, enfrentaram, quebraram regras, construíram novos paradigmas para ter o direito de estudar, pesquisar, descobrir e grifar seus nomes nas estrelas.
Leia mais:
Paraná pode ter 95 colégios dentro do programa Parceiro da Escola a partir de 2025
2024 é o ano mais quente da história da humanidade, calcula observatório Copernicus
Governo poderá decidir futuro de colégios que não registrarem quórum mínimo em votação
Após reforma e ampliação, Londrina entrega Escola Municipal na Zona Norte
Falamos aqui de Marias, Maries ou Marys, de mulheres do mundo todo. Falamos aqui de Hipátia ou Hipátia de Alexandria. Nascida no Egito, no século 4, que à frente do seu tempo se lançou aos cálculos matemáticos e pesquisas astronômicas, o que custou a sua própria vida, segundo relatos históricos.
Hipátia teve como inspiração o pai, que era diretor do Museu de Alexandria. Segundo conta a história, foi por incentivo dele que decidiu estudar e mais à frente lecionar. Deu aula em diversas áreas, como filosofia e matemática, até ocupar a direção da Academia de Alexandria, um cargo não conferido às mulheres do seu tempo.
Na astronomia, há relatos de que estudou a órbita dos planetas e até teria participado do projeto para a construção de um astrolábio, uma espécie de calculadora astronômica.
Por defender o raciocínio lógico, foi acusada de blasfêmia e segundo historiadores, morta por extremistas.
As pesquisas atribuídas à Hipátia de Alexandria, e os principais registros da vida e obra dela se perderam com o grande incêndio da Biblioteca de Alexandria.
Hipátia é considerada a primeira matemática da humanidade e foi pelo ato de ensinar que teve seu nome ventilado ao longo dos séculos.
Séculos e milhares de quilômetros distante do Egito de Hipátia, falamos também da brasileira Patrícia Figueiró, que fez da multiplicação do saber projeto de vida, como pesquisadora em ciência e tecnologia, do Museu de Astronomia e Ciências Afins, ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.
Doutora em Física, Patrícia atuou em pesquisas na área da astrofísica e em pesquisas com galáxias ativas, aquelas que hospedam um buraco negro supermassivo no seu centro e que estão em atividade. Também trabalhou com os aglomerados de galáxias, estudando estes objetos através das lentes gravitacionais. Mas hoje, o trabalho está focado na divulgação científica. ''Atualmente, no MAST, eu trabalho com divulgação científica. Mais especificamente com divulgação e popularização da astronomia. Então, no museu eu coordeno projetos que passam desde a formação inicial e continuada de professores na área da astronomia a também projetos de incentivo de jovens para as carreiras científicas que é o caso do projeto Meninas no Museu. Eu utilizo esta ciência para inspirar, motivar, esclarecer esta temática para a sociedade.'', diz.
Patrícia destaca que a trajetória formativa e de pesquisa é muito solitária. Segundo ela que teve o sonho e desafio de fazer um doutorado em outro país, longe da família, este é um momento também de ''se encontrar com a própria sombra''. É a nossa garra e determinação que fazem a diferença neste processo que é tão solitário”, diz.
E como outras cientistas ao longo do tempo, se espelha na vivência e humanidade de outras cientistas da atualidade.
''No Instituto de Física e no Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul temos a presença de mulheres muito fortes e muito capazes no que diz respeito à ciência, entre elas estão Thaisa Storchi e Miriani Pastoriza. A Thaisa Storchi foi minha orientadora, mulher incrível no sentido amplo da palavra mulher: três filhos, levando essa vida dupla de mãe e pesquisadora. E Miriani Pastoriza, que é argentina e saiu do país no período ditatorial, chegou ao Brasil em condições adversas e foi um dos grandes nomes da consolidação desta carreira da astronomia no Brasil, país que ela acabou adotando.''
Para as mulheres que amam as estrelas e para todas as outras, a cientista deixa um recado: ''A astronomia é uma área para as mulheres porque somos capazes, inteligentes, dedicadas e aguerridas. Uma área ou profissão que não é para mulheres, não é para ninguém, para pessoa alguma.''