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Insatisfação com a liderança

Mais de 50 pesquisadores da Capes pedem renúncia coletiva

Folhapress/Paulo Saldaña
29 nov 2021 às 17:13
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Um grupo de pesquisadores ligados à Capes, órgão do MEC (Ministério da Educação) responsável pela pós-graduação no país, pediu renúncia coletiva. Eles criticam pressão para acelerar ações para abertura de novos cursos, para aprovar ofertas a distância e um suposto descaso da liderança da Capes na retomada da avaliação dos programas.


Três coordenadores e 28 consultores da área de avaliação de Matemática/Probabilidade e Estatística assinam uma carta de renúncia divulgada nesta segunda-feira (29). A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo jornal Folha de S.Paulo.

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Na semana passada, três coordenadores da área de Astronomia/Física já haviam anunciado desligamento também por insatisfação com a presidência da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Outros 18 consultores desse grupo também pediram desligamento.

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Até o início da tarde desta segunda, são, portanto, 52 pedidos de desligamento. Há na comunidade científica expectativa de mais pedidos de renúncia.

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Questionado, o órgão não respondeu até a publicação deste texto.


Esses pesquisadores trabalham nos processos de avaliação do sistema de pós-graduação do país. Os coordenadores são nomeados pela Capes para mandatos de quatro anos e o restante trabalha como assessores nesses trabalhos, todos em atividades não remuneradas mas de importância central no sistema.

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Essa empreitada é dividida em 49 áreas de avaliação da pós, organizadas sob 9 grandes áreas temáticas e três colégios. Os pedidos de renúncia se concentram sob o guarda-chuva do Colégio Exatas e da Terra.


Na carta desta segunda, os pesquisadores criticam a Capes por tentar acelerar o procedimento para abertura de novos cursos de pós-graduação sem que a avaliação quadrienal tenha sido finalizada. Esse processo é chamado de APCN (Apresentação de Propostas de Cursos Novos).

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"Acreditamos que a Avaliação Quadrienal deve preceder a APCN, já que os parâmetros para o julgamento dos cursos novos dependem da Avaliação", diz a carta.


Uma decisão judicial de setembro suspendeu a avaliação quadrienal, o que gerou reações na comunidade científica. Os pesquisadores acusam agora a Capes de, enquanto tenta acelerar o processo que abre novos cursos, atrasar o recurso contra a decisão liminar que congelou a avaliação.

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"Chama-nos a atenção que a recente tentativa de suspensão da liminar tenha sido apresentada pela Capes sem qualquer urgência, apenas depois de dois meses", cita a carta. "É quase impossível que a Avaliação Quadrienal seja retomada no futuro próximo."


Há interesse de instituições privadas de ensino superior em terem aprovados programas de pós-graduação, muitas vezes para garantir status de universidade. Outro interesse, sobretudo do setor privado, é na liberação de cursos na modalidade EAD (ensino a distância).

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Isso também é colocado no argumento do pedido de renúncia dos pesquisadores. "Fomos instados a escrever novos documentos a respeito em um prazo de dois dias úteis, depois estendidos em mais uma semana", diz a carta desta segunda.


O professor da UFC (Universidade Federal do Ceará) Gregório Bessa, um dos coordenadores da área Matemática/Probabilidade e Estatística, diz que a renúncia foi decida após a compreensão que a Capes não mostra interesse em resolver os entraves da avaliação. O mandato deles acabaria no fim do ano mas foi estendido até final de abril.

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"A gente renunciou coletivamente para não ser avalista de um situação que não concordamos", diz ele, que ressalta a impossibilidade de retomar a avaliação quadrienal diante da inércia do órgão nos esforços de reverter a decisão judicial.


"E parece que vem de cima para baixo para regulamentar o EAD, não tivemos possibilidade de dizer que não queremos. Apareceu com pedido curto de fazer documento. Em vez de entregar o documento EAD, decidimos não fazer e renunciar."


Os coordenadores da área de Astronomia/física também fazem a mesma crítica. "Os motivos elencados no documento são uma atitude de quase inércia da Capes com relação à retomada da avaliação Quadrienal 2017-2020 e a incompreensível pressa em se definir um formato para cursos de PG [pós-graduação] por EAD para a chamada de APCN."


A presidente da Capes, Claudia Mansani Queda de Toledo, chegou ao cargo em abril por escolha do ministro Milton Ribeiro. Ela enfrentou resistência por causa de seu currículo e por ter nomeado sua aluna de doutorado para diretoria internacional.


O pedido de renúncia na Capes ocorre em paralelo a outro processo de instabilidade em um dos órgãos do MEC. Na véspera do Enem, dezenas de servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) pediram desligamento de seus cargos de chefia após denúncias de assédio moral e pressão para alterar o conteúdo da prova.

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