Pesquisadores do LIC (Laboratório de Ictiologia), ligado ao Museu de Zoologia do CCB da UEL (Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina), estão estudando duas novas espécies de peixes de água doce da região amazônica, os gêneros são Leporellus e Leporinus, que recebem esse nome devido aos dentes proeminentes, semelhantes aos de coelhos (conhecidos como leporídeos).
A espécie do gênero Leporellus foi encontrada pelo doutorando Nick Narezzi, do Programa de Pós-Graduação do CCB, há aproximadamente três anos, no rio Aripuanã (MT). A espécie ainda não foi nomeada. Segundo o professor e pesquisador do LIC José Luís Birindelli, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal, havia 100 anos que ninguém encontrava uma espécie nova desse gênero. No local, foram encontrados exemplares de até 20 cm, e o LIC planeja uma nova viagem de campo, neste ano, para coleta de mais exemplares para estudo.
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A nova espécie de Leporinus foi descoberta no trecho médio do rio Xingu, no Pará, mas também pode ser encontrado nos rios do Alto Xingu (MT), segundo o professor. Além de provavelmente ser encontrada de forma ampla no Parque Indígena do Xingu, uma área protegida que pode ajudar a garantir a sobrevivência da espécie. O rio tem quase 1900 km de extensão e deságua no Amazonas. O peixe é de pequeno porte e não ultrapassa os 12 cm de comprimento.
Por serem encontradas em ambientes de corredeiras, as espécies podem ser ameaçadas pelas construções de usinas hidrelétricas, como aconteceu em Belo Monte, no rio Xingu, e no rio Aripuanã, com a usina de Dardanelos. São mais de 150 espécies da mesma família (Anostomidae) espalhadas em toda a América do Sul. “Mesmo no Tibagi há diversas espécies desta família de peixes”, explica Birindelli.
UFPA
A mestranda da UFPA – campus Altamira (Universidade Federal do Pará) Cláudia Sousa Chaves está na UEL aprofundando sua pesquisa a respeito da nova espécie de Leporinus. A pesquisadora, que ficará na UEL durante todo o mês de fevereiro, fez algumas coletas no Pará, em corredeiras rasas do Xingu, e trouxe exemplares para análises moleculares e osteológicas. Ela é orientada pelo professor Leandro Melo de Sousa e coorientada pelo professor Birindelli.
Com o auxílio de pinças e lupas, ela descreve a espécie, caracterizada, entre outros aspectos, pelo número de dentes nas maxilas. Em setembro, ela deve apresentar um trabalho sobre sua pesquisa, em um evento científico, além de defender sua dissertação até o final deste ano. Chaves estuda peixes desde a graduação, na UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará), campus Santarém, quando pesquisou sobre ovos e larvas.