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Prefeitura de Londrina, UEL e UTFPR lançam Observatório da Violência contra as Mulheres

22 jul 2021 às 16:13

Na manhã desta quinta-feira, 22, o prefeito de Londrina Marcelo Belinati e secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Liange Doy Fernandes, se reuniram com o reitor da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Dr. Sérgio Carlos de Carvalho, e com o diretor de Relações Empresariais e Comunitárias da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Felipe Haddad Manfio. Juntos, eles assinaram o Acordo de Cooperação Técnica para a implantação do Observatório da Violência contra as Mulheres de Londrina.


O acordo foi firmado entre a Prefeitura de Londrina e as universidades visando à implantação de um sistema de registro e armazenamento de informações sobre os atendimentos realizados pelo CAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres.


Para o prefeito Marcelo Belinati, a iniciativa é de extrema importância, pois sem dados torna-se difícil o planejamento correto das ações necessárias para o enfrentamento da violência.


"Para focar em políticas públicas, temos que ter informação. E, hoje, na era da tecnologia, tanto aqui em Londrina, quanto na maioria dos municípios, esses dados e informações são escritos a mão. Mas, graças a esse convênio entre a Secretaria da Mulher e as universidades, teremos um sistema informatizado. Isso vai facilitar o planejamento e a organização das ações para combater – com efetividade – a questão da violência contra a mulher e para dar amparo e apoio a quem passa por isso e que quer romper com esse ciclo de violência”, acredita Marcelo.


O objetivo do Observatório da Violência é facilitar o registro e a consulta dos dados relativos aos atendimentos prestados no CAM. Assim, com a digitalização de cerca de 13 mil prontuários físicos será possível encontrar as informações de forma mais rápida e ágil; compilar corretamente os materiais; entregar relatórios e levantamentos de informações de forma rápida; fazer o cruzamento de dados e fazer o direcionamento correto das políticas públicas para o enfrentamento da violência.


"No momento, temos mais de 13 mil mulheres atendidas pelo CAM. Quando uma mulher, que foi atendida lá em 2000, nos procura, nós precisamos buscar a ficha impressa dela, para darmos continuidade ao atendimento. Agora, com o sistema, basta eu digitar o nome dela, que ele gerará todo o histórico do atendimento. Assim, nós poderemos dar dar esse suporte, que ela precisa para romper com o ciclo da violência”, exemplificou Fernandes.


Assim, os pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina poderão contar com esse sistema para estudarem a situação da violência contra a mulher em Londrina. Para o reitor da Instituição, as universidades públicas brasileiras, em especial a UEL, se especializaram em um tripé de conhecimento que é fazer pesquisas, ensino e extensão. E o que orgulha a universidade é saber que existem docentes, como a professora Dra. Sandra Lourenço.


Ela atua como coordenadora dos grupos de pesquisa sobre Violência de Gênero e Pesquisa Social, e Produção do Conhecimento, ambos do Departamento de Serviço Social, da UEL, e foi a responsável pela articulação do projeto do Observatório da Violência, com a SMPM (Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres) e a UTFPR, fazendo surgir a parceria.


"Temos aqui uma docente nossa, que desenvolve uma pesquisa, fornecendo subsídios necessários para a implantação das políticas públicas, e que vai para a ação com a sociedade. Com isso, a universidade cumpre seu papel. Sabemos que a violência contra a mulher está oculta pelo medo que as pessoas que a sofrem têm de denunciar e pelo preconceito de que muitas são alvo com a agressão física. Ao darmos suporte ao poder público, com os dados e as pesquisas, acredito que vamos ver que a violência é ainda maior. Mas, vemos que essa é uma gestão pública que não está escondendo a situação, mas, sim, está lidando com ela e enfrentando-a”, apontou o Dr. Sérgio Carlos de Carvalho.


Já o software foi criado pelos engenheiros da UTFPR, por meio de um projeto de extensão coordenado pelo professor do curso de Engenharia da universidade, Dr. Cristiano Marcos Agulhari, que supervisiona dois alunos de Engenharia de Controle e Automação e de Engenharia de Computação na UTFPR. O sistema permite a extração de relatórios, com cruzamento de dados, aprofundamento de análises e monitoramento de ações, que contribuirão para o acompanhamento e o desenvolvimento das ações no município. Para isso, ele segue todos os protocolos de segurança ética, que garantem o sigilo das informações pessoais das mulheres que denunciam violência doméstica. Os servidores - que atendem essas pessoas – têm uma senha e login diferentes daquelas repassadas para os pesquisadores, que utilizam os dados para as pesquisas.


Segundo o o diretor de Relações Empresariais e Comunitárias da UTFPR, a intenção é que os pesquisadores da universidade tecnológica estejam sempre auxiliando os profissionais da Prefeitura de Londrina e da UEL, para o aprimoramento do sistema. Isso porque, o projeto começou há cerca de dois anos, mas terá continuidade nos próximos anos.


"Quando pensamos em universidade imaginamos apenas alunos em sala de aula. Mas, a universidade não é apenas isso, é pesquisa, é extensão. E isso permite a inclusão e aproxima a universidade da comunidade, que é o que está acontecendo aqui com essa cooperação. Estamos transferindo o conhecimento para beneficiar a comunidade. É doloroso vermos que a violência contra a mulher ainda existe, mas nos alegra saber que podemos ajudar para combate-la”, disse Felipe Haddad Manfio.


A intenção é que, futuramente, o software e o projeto possam ser ampliados, possibilitando que sejam colocados no sistema eletrônico também os dados de outros órgãos, como da Deam (unidade policial Especializada no Atendimento à Mulher), do IML (Instituto Médico Legal), Ministério Público do Paraná, Tribunal de Justiça, da 17ª Regional de Saúde, e de outras portas de entrada aos serviços.


Com os dados obtidos pelo sistema de informação será possível relacionar quem são os agressores, quantos voltam a reincidir na violência, quantos cometem agressões com outras pessoas, quem são os alvos mais frequentes, qual gênero, idade, raça/etnia e escolaridade, quais são as regiões com maiores índices de violência contra a mulher, quais serviços atenderam quem sofre violência doméstica, qual a tipologia da violência, entre outras informações. Para a digitalização de todos os documentos, a Prefeitura de Londrina contará com a ajuda dos profissionais e alunos da graduação e da pós-graduação da UEL, por meio dos projetos de extensão.

O lançamento do Observatório da Violência contra a Mulher é a primeira atividade da Campanha Municipal pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.


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