A UEL (Universidade Estadual de Londrina) poderá perder 476 bolsas direcionadas a pesquisadores de várias modalidades, a partir do próximo mês, com o novo corte anunciado na quinta-feira (15) pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). As bolsas são financiadas pelo próprio CNPq, principal agência de fomento científico, ligada ao MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).
Em todo o país, os cortes deverão afetar um total de 84 mil bolsistas em universidades e institutos. A lista inclui desde alunos de Iniciação Científica na graduação, com bolsas de R$ 400, até professores sêniores, com bolsas de Produtividade em Pesquisa, de até R$ 1.500 por mês.
Segundo o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação em exercício, professor Arthur Mesas, o próprio CNPq confirmou à UEL, na quinta à tarde, as declarações dadas aos meios de comunicação, de suspensão da indicação de novos bolsistas, em todas as modalidades, a partir da data de 14 de agosto, em virtude da ausência de recursos financeiros. Isso soma, no mínimo, R$ 260.000/mês a menos em recursos financeiros para a manutenção das atividades científicas da UEL, e que deixam de entrar na economia da região já a partir de setembro.
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De acordo com o comunicado, as bolsas atualmente vigentes terão garantia de pagamento apenas até o mês de agosto, cujos valores serão depositados no início de setembro. O Pró-reitor explicou que também não existe previsão de regularização de pagamento para as bolsas que foram implementadas devido a problemas técnicos nas plataformas de fomento. Ainda de acordo com o comunicado do CNPq, a equipe trabalha para reverter a situação, mas sem previsão para um novo posicionamento.
Na UEL serão cortadas a partir do próximo mês 299 bolsas de Iniciação Científica e Iniciação Tecnológica, que atendem estudantes de graduação interessados na área acadêmica. Desse total, 25 bolsas são de estudantes que ingressaram na graduação via sistema de cotas. Os novos cortes ainda atingem 49 bolsas de Iniciação Científica Júnior, direcionadas a estudantes de Ensino Médio e que tem o objetivo de revelar novos talentos da ciência.
Há ainda outras 128 bolsas produtividade que deverão ser suspensas, de professores que atuam nos vários Programas de Pós-graduação. Nesses cortes ainda não estão incluídos os pesquisadores bolsistas do CNPq, que mantém vínculo direto com o Conselho. "O impacto será grande afetando projetos de pesquisa e inúmeros estudos e coletas de dados que se amparam nesses bolsistas. Estamos falando na interrupção de um trabalho importante que estava se desenvolvendo", definiu o Pró-reitor.
Em maio passado, levantamento divulgado pela UEL, em conjunto com as demais Universidades Estaduais, demonstrou que o sistema público de ensino superior conquistou recursos junto ao CNPq para publicação de 18 periódicos científicos, o que representou 9,18% do total de recursos concedidos em todo o país. O Paraná havia conseguido ainda 1.744 Bolsas de Iniciação Científica e outras 377 de Iniciação Tecnológica e Industrial. A produção acadêmica das sete Universidades Estaduais é um dos pilares para o Paraná estar entre os cinco estados brasileiros que mais produzem ciência e inovação, com 198 mestrados e 92 doutorados oferecidos nas várias áreas do conhecimento.
Dados nacionais
De acordo com informações do próprio CNPq, o déficit no orçamento deste ano chega ao valor de R$ 330 milhões, recursos necessários para fechar as contas de 2019. Esse valor é conhecido desde o início do ano, mas até agora não foi possível chegar à uma solução. Como consequência o presidente da entidade, João Luiz Filgueiras de Azevedo, anunciou essa semana o novo corte de bolsas, uma vez que a partir de setembro não haverá recurso para honrar os compromissos.