A Universidade Estadual de Londrina (UEL) aprovou, em todas as instâncias superiores, a criação do curso de bacharelado em Geologia, o primeiro no interior do Paraná e o segundo em todo o estado - somente a UFPR (Universidade Federal do Paraná) oferece. A instituição ainda aguarda deliberações do governo do Paraná, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), para autorizar a implementação da graduação. O pedido tramitou e foi aprovado nos Conselhos de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) e de Administração (CA) da universidade.
O curso, que integra o Departamento de Geologia e Geomática do Centro de Ciências Exatas (CCE), terá duração de cinco anos, com aulas em período integral e oferta de 20 vagas por ano letivo.
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Nas primeiras duas séries, a matriz curricular será formada por matérias também presentes na base dos programas de Engenharia Civil e Agronomia, como Cálculo, Física, Química e Estatística, além de aulas introdutórias de cunho geológico, como Mineralogia e Geologia Geral. A metade final da graduação terá foco em disciplinas específicas da área, como Sedimentologia e Paleontologia.
A graduação na UEL será a sétima do campo a ser oferecida na região Sul e a 33ª no país, contribuindo para preencher vazio de escolas da área em um raio de 500 quilômetros. Pioneira no Paraná, a formação em Geologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) existe desde 1973.
Recursos Humanos
O processo para liberação de recursos humanos e financeiros, dentro da Lei Geral das Universidades (LGU), necessário para a oficialização do curso e abertura do vestibular, já está em trâmite na Seti. Uma das demandas da universidade é a contratação de docentes para preencher lacunas em segmentos e especialidades geológicas.
“Nós necessitamos ampliar o quadro, especialmente, com docentes que trabalham com recursos energéticos, recursos minerais de pesquisa e prospecção mineral”, detalha José Paulo Pinese, docente do Departamento de Geologia e Geomática.
Para a reitora da UEL, Marta Favaro, a criação do curso é uma importante iniciativa da instituição para responder às demandas estaduais e nacionais por profissionais qualificados nas áreas de recursos naturais, meio ambiente e planejamento territorial. “Com potencial acadêmico e social, o curso fortalecerá nosso compromisso com a formação de excelência e o desenvolvimento sustentável", afirmou, acrescentando que aguarda com expectativa a aprovação do governo estadual.
Apoio de sociedades culturais e científicas
O diretor do CCE, Alan Salvany, lembra que a proposta contou com o apoio de entidades como a Sociedade Brasileira de Geologia (SBGEO), a Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) e a Associação Profissional dos Geólogos do Paraná (Agepar), além da Agência Nacional de Mineração (ANM) e da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS).
Também recebeu o aval de associações empresariais e comerciais da região Norte do Paraná, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), o Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL) e a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil).
Atuação
No mercado atual, geólogos são indispensáveis na exploração das águas subterrâneas, utilizadas em redes de abastecimento à comunidade e no suprimento de atividades agrícolas. “A agricultura nossa não prescinde só mais de rios superficiais, mas se utiliza das águas subterrâneas”, destaca Pinese.
O profissional também pode trabalhar dentro da ótica geológica e geotécnica aplicada às construções civis, buscando minerais não-metálicos necessários para as obras, como as areias e a brita de basalto. “A demarcação e obtenção de áreas de jazimento de areias, bem como a brita da rocha basáltica, pode ser obtida através de trabalhos geológicos ou de um geólogo, determinando àquele sistema que necessita o quanto tem, o quanto custa e o quanto será utilizado pela indústria”, explica o professor.
A pesquisa e produção de agrominerais à base de basalto, substitutos de fertilizantes industriais na agricultura e eficazes na redução da liberação de gás carbônico (CO2), representam outras atividades passíveis de execução na geologia.
Busca de jazidas
Em um período de mudança de um modelo concentrado no uso de combustíveis fósseis para uma geração de energia de baixo carbono, os geólogos são peças-chave. Neste domínio, atuam na pesquisa, prospecção e exploração de minerais estratégicos, como o lítio e as “terras raras” (grupo de 17 elementos proveniente de argila iônica formada por ação vulcânica), utilizados na produção de baterias, materiais de alta tecnologia e supercondutores, entre outras tecnologias de energia limpa.
“Modernamente, dentro desta fase de transição energética que vamos viver, existe uma essencialidade do geólogo na busca dessas jazidas, para que nós obtenhamos materiais fundamentais na construção das baterias e, também, possamos fazer a transição com sustentabilidade”, afirma o docente.
Ainda neste âmbito, a atuação geológica pode dar suporte à produção de energia, gestão de recursos hídricos e ao planejamento do uso da terra, colaborando na promoção de um desenvolvimento econômico aliado à proteção ambiental e à diminuição de riscos naturais.
Os geólogos podem solicitar registro profissional como engenheiros junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). A entidade também estabelece, como renda ideal, o valor de 6 salários-mínimos regionais por seis horas diárias de trabalho.
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