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Atração à primeira vista

História de amor de estudantes da UEL viraliza nas redes sociais; conheça os personagens

Bruno Souza - Estagiário*
31 mar 2023 às 16:09
- Arquivo pessoal
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Uma atração à primeira e única vista. Dois jovens e um acidente que custaria a visão de um dos personagens. A história de Carolina dos Santos Espindola e de José Giuliangeli de Castro poderia facilmente ser o enredo de qualquer filme de romance hollywoodiano, mas foi vivenciada em Londrina, na época em que os dois eram estudantes da UEL (Universidade Estadual de Londrina).


O assunto veio à tona recentemente após a filha dos dois contar a história no Twitter. Ana Clara Espindola, respondendo a uma outra publicação que pedia para contar uma "história doida", resolveu, então, compartilhar as experiências que os seus pais tiveram na juventude.

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"Minha mãe conheceu meu pai um dia antes de ele ficar cego num acidente de carro. Eles se conheceram no teatro, sentaram um do lado do outro e paqueraram. Descobriram que estudavam na mesma faculdade e marcaram um encontro no dia seguinte. Deu a hora do encontro e ela achou que tinha tomado um bolo. Ela ligou a TV e a foto do meu pai estava no jornal da cidade: 'Estudante da UEL sofre acidente de carro e está em estado grave'. Nesse acidente, o carro bateu na árvore e foi caco de vidro nos olhos dele (perdeu a visão totalmente), ou seja, ele só viu a minha mãe uma vez", começou a relatar a jovem.

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"Aí, depois disso, minha mãe foi que nem doida para o hospital, já conheceu a (futura) sogra dela (minha vó) e ia lá visitar ele todo dia, por uns dois meses. [Entre] cirurgias e recuperação. Ela aprendeu braille [sistema de escrita tátil] para ensinar para ele e ele conseguir acabar a faculdade de Fisioterapia."

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Após a exposição, a história passou a viralizar e tomar proporções nunca imaginadas por Ana e seus pais. Os internautas passaram a idealizar o romance como um exemplo perfeito do "felizes para sempre", o que foi desmentido por Ana Clara Espindola logo depois.


"Gente, então, para quem tá perguntando sobre eles: quebrando totalmente a fic de casal 'felizes para sempre', eles não estão mais juntos. Penso eu que a frustração de nunca ter visto os próprios filhos, junto de várias coisas, fizeram eles se separarem. Se separaram quando eu tava na barriga dela, mas eles têm uma relação muito boa. Minha mãe sempre diz que amou muito ele enquanto estavam juntos, e é isso que importa! Eu e meus irmãos somos fruto desse amor lindo, e, mesmo não tendo um 'final feliz', amo a história deles e como minha mãe e eles lutaram", encerrou a filha do ex-casal.

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A história comoveu tanto as redes sociais que perfis de alcance nacional publicaram sobre o assunto. Até mesmo as redes sociais da UEL compartilharam o romance dos estudantes.



Os personagens

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Mesmo sabendo que os personagens principais desse romance não estão mais juntos, os internautas passaram a encher a caixa de mensagens da filha do ex-casal de perguntas.


"Fiquei impressionada com a repercussão da história porque não tinha noção da grandeza e da importância que foi para tanta gente se inspirar! Acho que foi muito bom para, além de uma história de amor e de como eu e meus irmãos nascemos, ser representatividade para pessoas com deficiência e esperança pra quem se identificou!", diz Ana Clara Espindola sobre o grande volume de mensagens que recebe diariamente.

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A reportagem entrou em contato com José Giuliangeli e Carolina Espindola para saber como foi a reação dos dois com a viralização do assunto e a "fama" repentina.


"A minha reação ao saber que a minha história tinha vindo a público foi de uma 'sensação de estar sonhando', de aquilo não estar acontecendo. Levou uns dois dias para cair a ficha", conta Espindola.

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Giuliangeli, conhecido popularmente como Zezinho, fala que ficou emocionado com toda a situação, fazendo-o recordar do passado. "Levei um susto e fiquei emocionado por recordar com alegria as experiências que vivi no antes do trauma, no durante o tratamento dos meus olhos e em todo o processo que experimentei como pessoa cega para reabilitar-me nas atividades da minha vida familiar, no trabalho e na academia UEL, onde cursava Fisioterapia. Fiquei surpreso que um romance de 30 anos atrás poderia despertar tanta curiosidade e sensibilidade pelas pessoas", explana.


Os pais dos gêmeos Pedro e Mateus, de 27 anos, e de Ana Clara, de 20 anos, não estão mais juntos e nem moram mais no mesmo município. Zezinho continua vivendo em Londrina e Carolina passou a morar em Campinas (SP), onde reside com a filha mais nova e os gêmeos. A relação entre os dois, no entanto, ainda é de harmonia.


"Acredito que os nove anos que passamos juntos tenham sido de muito amor. Os nossos filhos certamente são o nosso maior tesouro! Nos separamos em fevereiro de 2002 e, como em qualquer divórcio, o meu também foi sofrido e não aconteceu por um fato em específico, mas sim por um conjunto de problemas privados. Mas conservamos o respeito e o bem estar em família", revela a psicoterapeuta.


Giuliangeli ressalta que também mantém respeito pela história que viveu com Espindola. "Após sete anos de casamento, a Carolina resolveu retornar para próximo da sua família na cidade de Campinas. Nossos projetos profissionais e políticos eram diferentes! Nosso relacionamento é harmônico, criamos nossos filhos de forma compartilhada e temos um relacionamento de amizade! Eu aqui de Londrina sempre apoiando toda e qualquer atividade que envolvesse a minha filha, meus filhos gêmeos e a família da Carolina", diz.


O acidente e a recuperação


O acidente que mudou a vida de José Giuliangeli para sempre aconteceu no dia 20 de junho de 1993. O rapaz, na época estudante da UEL, dirigia um veículo sem cinto de segurança quando colidiu contra uma árvore.


"Tive os olhos perfurados por estilhaços do vidro dianteiro deu um Chevette ano 79 em uma colisão frontal em uma árvore, entre as ruas Goiás e Espírito Santo, no centro de Londrina. Eu havia assumido o volante a menos de 200 metros do local do acidente para dar uma tranco no carro, que era velho, sem pneus, sem cinto, sem nada", relembra.


Como contou Ana Clara no Twitter, Carolina Espindola, que conhecera Zezinho um dia antes em um teatro no centro da cidade, esperava o então pretendente em sua casa para se encontrarem pela segunda vez, mas, ao ligar a TV, percebeu que algo grave havia acontecido.


"Íamos juntos a uma festa junina. O Zezinho ficou de passar em casa de carro para me buscar (estava muito frio). Mas ele não chegou no horário marcado (18h). Enquanto esperava e imaginava que tinha tomado 'um bolo', liguei a televisão para distrair e vi no noticiário local que ele havia sofrido um acidente de carro. Não tive dúvida: peguei um táxi e corri para o hospital", recorda Espindola.


"Ele estava em cirurgia, mas eu o esperei sair para colher informações sobre seu estado geral. Naquele momento eu já soube que ele havia perfurado os dois olhos, mas que estava consciente e não corria risco de vida", conta. "Voltei àquele hospital, quase que diariamente, por alguns meses. Assim conheci seus pais e irmã. Expliquei que era uma amiga dele e que queria ajudar no que fosse necessário. Fui sempre muito bem tratada por essa família, que hoje considero minha também."


Zezinho também recorda que houve muitas tentativas médicas para recupar a sua visão e que, em todas elas, a sua ainda considerada amiga esteve presente.


"Oito meses após o trauma, quatro tentativas cirúrgicas para a recuperação da visão e dois meses após o diagnóstico de cegueira bilateral, eu retomei meus estudos na UEL e no HU [Hospital Universitário]. Simultaneamente, iniciei minha reabilitação no então Instituto dos Cegos de Londrina. Também Iniciei meu trabalho como técnico administrativo do HU dez meses após o trauma e com um ano de processo reabilitador eu já me deslocava com a bengala longa e havia aprendido a escrita braille. A Carolina colaborou tanto para a aprendizagem do braille como em todas as outras adaptações para as minhas atividades da vida diária. Nós nos casamos 1 ano e 6 meses após a alta hospitalar", diz


História de amor, mas não só isso


Carolina Espindola considera que a sua história com José Giuliangeli não foi somente marcada pelo amor, mas também pelo respeito às diferenças e pela quebra de estigmas da sociedade. Ela ressalta que o seu relacionamento com Zezinho contribuiu para a sua carreira de psicóloga, já que hoje trabalha com minorias.


"É uma história de superação e respeito ao ser humano, com todas as suas dificuldades e potencialidades. Hoje estamos bem, cada um em um relacionamento, e conservo em mim a luta pelas minorias, tanto dentro como fora do meu trabalho. Defendo pautas dos autistas, disléxicos, pessoas com TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade], LGBTQIA+ e portadores da Síndrome de Ehlers Danlos", encerra a psicoterapeuta.


*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.


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