O mundo das artes plásticas agita várias galerias em Curitiba com mostras coletivas e individuais. Técnicas, estilos, cores e inspirações das mais diversas podem ser apreciadas no Museu Alfredo Andersen, na Casa João Turim e na Nini Barontini Galeria de Arte. Os expositores são Manfredo Souzanetto, Akiko Miléo, Dani Jacob, Lorena Barolo e Vincenzo Cencin.
Esculturas em porcelana e objetos em madeira pintada, mesmo sendo materiais bem diferentes se complementam na exposição do artista plástico Manfredo Souzanetto, que abre hoje, às 18h30, no Museu Alfredo Andersen. No anexo do museu expõem as artistas plásticas Akiko Miléo e Dani Jacob, uma inspirada em ideogramas e a outra, em informática.
Souzanetto trabalha as relações da obra com o espaço e da cor com o suporte. Os trabalhos em porcelana são esculturas e uma, é instalação de 41 peças montadas no chão e no ar. Porcelanas de limoges coloridas formam uma composição inspirada numa castanha da região amazônica. "Este trabalho foi feitos numa estufa na cidade de Limoges (França), diz respeito ao fruto tropical e foi também uma forma de mostrar um pouco do Brasil, uma vez que também usei vários pigmentos de Minas Gerais", conta.
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As peças em madeira fazem uma relação com ossos e membros do corpo humano. "Nesse trabalho há um domínio maior sobre as cores (nas porcelanas isso é impossível por causa da passagem pelo fogo), na verdade uma cor realça a outra, e elas se ajudam na intensidade", argumenta.
Outro trabalho que Souzanetto traz a Curitiba é intitulado "Germinações", onde o artista faz referência ao ato de nascer, usando madeira e pigmentos industriais como ferro, pedra e minérios, numa relação entre vida e materiais da natureza.
Souzanetto, que agora vive no Rio de Janeiro, é formado pela Fundação Escola Guinard, de Belo Horizonte, pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal daquela cidade, pela École Nationale de Louis Lumiére, de Paris, pela École Nationale de Beaux-Arts, de Paris e Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde 1974, Manfredo de Souzanetto realizou mas de 30 exposições em diversos países e participou de mais de 45 coletivas no Brasil e na Europa.
O consagrado artista italiano, Vincenzo Cencin radicado no Brasil desde 1949, vem à Curitiba amanhã para apresentar seus mais recentes trabalhos em uma exposição a ser inaugurada na Nini Barontini Galeria de Arte.
Cencin nasceu em 1925 em Veneza (Itália). Com uma infância típica de um jovem italiano, aos 17 anos já dava os primeiros sinais de interesse pela arte ao pintar sua primeira obra em Tolmezzo. Um ano depois, se alista na 2ª Guerra Mundial onde é preso pelos alemães e levado a um campo de concentração.
Terminado o horror da guerra, segue com a família para o Brasil fixando residência em São Paulo. Após aposentar-se na década de 80 com 30 anos de trabalho como engenheiro eletrônico, Vincenzo Cencin realiza um sonho que a muito almejava: dedicar-se somente à pintura inaugurando seu primeiro ateliê em São Paulo.
Vincenzo é conhecido por suas belas imagens ligadas ao mar como praias, portos, barcos, pescadores. Imagens reveladoras que exibem através de suas cores e formas estados de alma, impressões sensíveis a refletir sentimentos.
O papel domina a exposição "Ektos" que a escultora Lorena Barolo inaugura amanhã, às 18h30, na Casa João Turin. São dez peças: metade trabalhadas com papel craft e pó de mármore e a outra metade com papel vegetal.
Há um tom etéreo na produção de Lorena, embora as dimensões das esculturas meçam entre um a dois metros de altura. A artista explica que esse diálogo com os papéis seria como uma reflexão de vida. Está em questão, basicamente, indagações sobre a espiritualidade.
Enquanto o papel vegetal é por si só transparente, indica a própria leveza em sua essência, sem as complicações que o homem acabou por imprimir a si. Neste caso a simplicidade é a palavra-chave. A materialidade está explícita nas esculturas feitas com papel craft revestido de pó de mármore, sugerindo espessura e peso.
Com 18 anos de profissão Lorena Barolo, professora de escultura e materiais na Faculdade de Artes do Paraná, já passou pela sucata, criou sobre ferro e pedras. Hoje trabalha com materiais opostos.
O papel vegetal é sua pesquisa mais recente e sobre ele tem uma certeza: "É rebelde". Para se trabalhar com ele só mesmo com muita paciência. "O vegetal encolhe muito. Você faz uma coisa e quando vê, ela está alterada".
O título "Ektos" remete ao que está fora, além. Para Lorena a realidade não é palpável, mas se multiplica em outras instâncias, outras energias que devem ser descobertas.
Serviço: Exposição de Manfredo de Souzanetto, na Salas Alternativas do Museu Alfredo Andersen (Rua Mateus Leme, 336), de hoje, às 18h30, ao dia 22 de junho, de segunda a sexta-feira, das 10h às 22 horas. As artistas plásticas Akiko Miléo e Dani Jacob mostram seus trabalhos no anexo do MAA. Informações: 222-8262. "Ektos", de Lorena Barolo, estará a partir de amanhã, às 18h30, na Casa João Turin (Rua Mateus Leme, 38 - Largo da Ordem), onde permanece até dia 19 de junho. Na Nini Barontini Galeria de Arte (Rua Saldanha Marinho, 1577 - Batel. telefone 222-5725) estarão as obra de Vincenzo Cencin, a partir de amanhã, às 21 horas, até o dia 10 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 19 horas e sábado, das 9h30 às 13 horas. Informações: 222-5725.