O destino fez Cleber e a Bahia se encontrarem novamente. E vai ser em seu estado natal que o zagueiro vai em busca do quarto título de Copa do Brasil do Corinthians. Aos 23 anos de idade, ele se enche de orgulho ao contar histórias de sua terra, onde o Timão enfrenta o Bahia de Feira, nesta quarta-feira, às 21h50, no Estádio Joia da Princesa, em Feira de Santana (BA), pela primeira fase do torneio.
Ao LANCE!Net, o camisa 3 contou sua trajetória até chegar ao Timão. Dificuldades na infância, amor pelo boxe, compras com pouco dinheiro em Feira de Santana... São muitas as lembranças. Nascido na pequena São Francisco do Conde, que fica a 70km de Feira, Cleber foi para a capital Salvador ainda criança. Foi criado no bairro do Paripe, para onde promete voltar a morar, assim que encerrar a carreira. Mas a vida no subúrbio não foi fácil. Como boa parte dos jogadores de futebol, Cleber passou por poucas e boas na infância.
– Sou suburbano de coração. Mas passei dificuldades, passei dias em que não tinha nada para comer. Tinha que pedir ajuda, mas não tinha para quem. É uma situação muito ruim, não gosto nem de ficar lembrando. Quero apenas passar isso para meus filhos, ensiná-los a dar valor nas coisas. A gente sofreu, mas deu tudo certo – lembrou ele.
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A cidade que vai receber os alvinegros também faz parte da vida do defensor. Apesar da distância, Cleber juntava amigos e parentes para ir a Feira de Santana no fim do ano. A viagem era para comprar roupas novas na "Feiraguai", grande comércio de ambulantes da cidade.
– Lá tem muita coisa, cara. Todo mundo sai bonitinho de lá, tem muita roupa legal. Você sai novinho! Tudo coisa de primeira! Rodei tudo lá, mas o problema é que eu saía só com um saquinho pequeno de compra. Estava durinho naquela época, a coisa era feia para mim. Se eu gastasse tudo nem conseguia voltar para casa – afirmou, com bom humor.
Titular ao lado de Gil, o zagueiro ainda tem mais uma missão neste reencontro com o passado: vencer sua primeira partida profissional na Bahia. Para isso, terá o apoio de seus familiares que, desta vez, farão o trajeto até Feira apenas para acompanhá-lo de perto.
A noite para o bom baiano Cleber promete ser cheia de emoções. Para o Corinthians, a promessa é de ser apenas o início da caminhada para tetra na Copa do Brasil.
CONFIRA UM BATE-BOLA EXCLUSIVO COM CLEBER:
Você nasceu bem perto de Feira de Santana, não?
De Feira para Santa Cruz do Conte, onde eu nasci, é 40 minutos. É um lugar muito legal. Nasci bem pertinho de lá. Nas na verdade fiquei na minha cidade bem pouco tempo, depois fui parar em Salvador.
Mas chegou a ir até Feira algumas vezes?
Sim. Eu ia até lá para passar na Feiraguai, onde vende muita roupa boa e barata. Eu comprava umas roupinhas lá de final de ano, ia com meus irmãos, com amigos... Mas era de vez em quando. Não cheguei a ter uma convivência lá. Sei que é um lugar que cresceu muito nos últimos anos.
E voltará a morar na Bahia um dia?
Foi onde eu aprendi tudo, onde tive minha educação, onde tenho verdadeiros amigos... Isso nunca vai mudar. Vai ser minha casa para sempre. Eu saí de lá, mas vou voltar. Só não vou reformar a casa que eu cresci para não perder minhas lembranças. Quero lembrar das coisas que passei para continuar dando valor.
E sua família vai até Feira para ver o jogo?
Vai a renca toda. Já falaram que vão ligar para saber que horas eu chego no aeroporto. Vão todos para o jogo, vão representar lá. A galera toda suburbana vai estar lá para fazer uma bagunça.
E você nunca ganhou na Bahia como profissional?
Nenhuma vez em cara. Tenho que ganhar uma lá, perdi tudo. Nem empatei. Que coisa, meu! Dessa vez dá para ganhar, vamos jogar para isso.
Temeu não ser titular depois que o Paulo André saiu e o Felipe foi escalado?
Eu fiquei meio chateado, eu pensava que ia jogar. Mas eu acatei o que o treinador quis, é a autoridade, né? (risos) Trabalhei forte e tenho que trabalhar mais. Não adianta ficar desesperado. Cheguei até aqui porque trabalhei, porque nunca abaixei a cabeça.
E gosta de campeonato igual a Copa do Brasil, com mata-mata?
É muito mais pegado, às vezes não tem como recuperar. Se perder feio fora, fica ruim em casa. Tem que ficar ligado, é tudo final. Se der mole já era...
O TOP 5 DA BAHIA, SEGUNDO CLEBER
Comida
"O cozido que minha coroa faz, meu, aí sim! Se dormir depois de comer, morre (gargalhadas). Tem muita coisa nele, mas vai farinha. Se não tiver, a gente fica triste!"
Lugar
"Eu gosto de ir na orla de Pituaçu. É muito bom dar uma volta com a rapaziada por ali"
Música
"Pablo do Arrocha! Esse é muito fera. Todo mundo aqui no Corinthians já conhece. É muito bom!"
Time
"Eu era onde eu jogo hoje... Entendeu? (risos) Então eu já era Corinthians. Meu pai torce para o Bahia e minha mãe, para o Vitória. Mas tenho irmãos corintianos, primos... No meu bairro lá (Paripe) tinha muito corintiano como eu."
Ídolo
"Jairo, meu pai. Não tem outro, é só meu pai mesmo."