Integrantes do Comitê Popular da Copa e Olimpíada marcaram para as 17h da próxima segunda-feira, em frente à sede da Odebrecht, em Botafogo, zona sul do Rio, novo ato de protesto contra a concessão do estádio do Maracanã à administração privada, com possível passeata até o Palácio Guanabara, sede do governo. No último dia do prazo para o Complexo Maracanã Entretenimento S.A., integrado pela Odebrecht Properties, IMX e AEG, entregar propostas de mudança no seu contrato com o Estado, os ativistas pretendem reafirmar sua oposição à privatização do Mário Filho.
Na quarta-feira, depois de ocupar o saguão do Centro Empresarial Botafogo, onde fica a empreiteira, militantes do grupo e da Frente Nacional dos Torcedores entregaram um documento ao grupo empresarial, sob o título "Odebrecht, o Maraca é nosso!", exigindo a anulação do negócio.
"Pelo que já foi indicado pelo consórcio durante a semana, vão pedir o (futuro) Parque Glaziou para fazer o shopping e o estacionamento. Não aceitamos isso", contou uma integrante do Comitê, Carla Hirt.
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Projetado para ser construído do outro lado da via férrea, em terreno do Exército, ao lado da Quinta da Boa Vista, o Parque Glaziou seria uma área de 85 mil metros quadrados, com quadras esportivas, pérgolas, bosques, canteiros, lagos e áreas verdes. Seria entregue até a Olimpíada de 2016, batizado com o nome de Auguste François Marie Glaziou, projetista dos jardins da Quinta.
Como o governo estadual recuou do projeto inicial da concessão do Maracanã, que previa a demolição do Estádio Célio de Barros e do Parque Aquático Júlio Delamare, ao lado do estádio, para construção de lojas e abertura de vagas para carros, sua área passou a ser vista como alternativa para compensar os concessionários e, supostamente, viabilizar o negócio.
"Tem vários pontos que continuam questionáveis", insistiu Carla. "O Julio Delamare e o Célio de Barros foram preservados, mas temos preocupação com o seu uso. Era uma área de acesso público, dedicada ao esporte e educação. Foi retombada, mas queremos garantir que seu uso seja público."
A polêmica envolvendo o estádio virou uma delicada questão política. Integrantes do governo do Rio associam parte da queda da popularidade do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), à reforma e à concessão privada do Maracanã. A obra custou de mais de R$ 1,2 bilhão, e os ingressos passaram a custar preços vistos como muito altos para o poder aquisitivo local.
A ideia de que o "povo" foi expulso do estádio-símbolo do futebol carioca teria atingido a imagem do governo estadual. Cabral fez sucessivos recuos, desistindo de demolir o Júlio Delamare, o Célio de Barros e a Escola Friedenreich. O prédio que sediava o Museu do Índio também foi preservado, depois de prolongada disputa com índios e ativistas que o ocupavam e foram expulsos à força.
O governo fluminense afirmou que não vai ser pronunciar até segunda-feira. Especula-se que o Estado poderia retomar o negócio ou até o consórcio desistir dele. A Odebrecht, que controla 90% da empresa, foi procurada, mas não retornou pedido de entrevista.