No ano passado, o Ituano só escapou de cair para a segunda divisão no último jogo. Agora, fez valer a permanência na elite. Neste domingo, depois de perder no tempo normal por 1 a 0 (gol de Cícero, de pênalti), o time de Juninho Paulista, treinado por Doriva, teve frieza para vencer o Santos na cobrança de pênaltis por 7 a 6 e ser bicampeão paulista, repetindo os feitos de São Caetano (2004), Bragantino (1990) e Inter de Limeira (1986), únicos pequenos a pausar a hegemonia dos grandes.
Esta é a primeira vez, porém, que o Ituano pode ser considerado o melhor time do Estado. Em 2002, no seu outro título, não disputaram o Paulistão nove equipes que estavam participando do Torneio Rio-São Paulo: os quatro grandes, Portuguesa, Guarani, Ponte Preta, São Caetano e Paulista. Depois, no Supercampeonato (contra os três primeiros paulistas do Rio-São Paulo), eliminou o Corinthians e perdeu a final para o São Paulo. Na ocasião, o time tricolor era treinado por Oswaldo de Oliveira.
Para chegar ao bicampeonato, o Ituano teve na defesa o seu melhor ataque. No Grupo B, a equipe só ficou atrás do Botafogo, eliminando o Corinthians. Em 15 jogos, levou apenas 10 gols. Depois, no mata-mata, tirou o time de Ribeirão Preto nos pênaltis (após empate em 0 a 0) e fez 1 a 0 no Palmeiras. Só foi levar um gol neste domingo.
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O JOGO
Já nos primeiros minutos os dois times indicavam nervosismo, principalmente o Ituano. Afinal, era de interesse do time do interior, inferior tecnicamente, que o jogo descambasse para a violência. Logo com 7 minutos, a primeira confusão. Cícero sofreu falta, manteve-se perto da bola e foi pisado por Rafael Silva, no chão. Outro jogador do Ituano ainda chegou junto cutucando o santista. Vladimir e David Braz foram os mais exaltados para tentar tirar satisfação.
As faltas seguidas permitiam ao Ituano fazer catimba, principalmente com Vagner. O goleiro, porém, tinha que trabalhar pouco. Tanto que o primeiro chute a gol, de Leandro Damião, saiu só aos 15 minutos.
Com Cícero na armação, o Santos não conseguia furar a melhor defesa do campeonato no seu melhor estilo: com a bola no chão. Outras alternativas foram sendo buscadas. Aos 32, Cícero bateu falta com perigo e Vagner se esticou todo para pegar. Dois minutos depois o time santista tentou pelo alto e ameaçou. Damião cabeceou e a bola explodiu no peito de Vagner.
O gol saiu aos 46, num pênalti mal marcado. Não tanto porque Alemão pegou primeiro na bola e só depois em Cícero ao dar carrinho na área - o árbitro pode ter considerado que o zagueiro usou de força desproporcional. Mas o santista estava impedido quando Thiago Ribeiro deu o chute que, depois de travado, caiu para Cícero.
O meia, que havia chutado muito por cima do travessão o pênalti do primeiro jogo, pegou a bola para a cobrança e bateu do lado direito baixo. Vagner acertou o lado, mas não alcançou a bola. Foi o nono gol de Cícero, artilheiro do Paulistão junto com Alan Kardec (Palmeiras), Luis Fabiano (São Paulo) e Léo Costa (Rio Claro).
O segundo tempo começou menos nervoso e com o Ituano tendo a chance de empatar aos 8 minutos. Num contra-ataque de quatro contra três, Paulinho e Esquerdinha tiveram espaço para chutar para o gol, cara a cara com Neto, mas enrolaram e perderam ótima chance.
Tentando achar espaço nas pontas, Oswaldo trocou Thiago Ribeiro por Rildo. O ex-ponte-pretano foi muito bem aos 23, num passe de primeira para Geuvânio, que saiu na cara de Vagner. Mas a revelação do campeonato tentou de cavadinha e mandou para fora. Cícero, de cabeça, também assustou, mas a bola passou raspando a trave.
À medida que o fim do jogo se aproximava, as chances apareciam. O Ituano quase empatou numa cobrança de falta, mas Aranha fez grande defesa. Vagner também trabalhou para sair aos pés de Rildo e impedir o que seria o gol do título, aos 43. Nos acréscimos, Cicinho foi expulso.
PÊNALTIS
O Ituano fez o primeiro com Jackson Caucaia, sem sustos. Já Cícero escolheu o mesmo canto do pênalti do primeiro tempo, Vagner novamente pulou para o lado certo, tocou na bola, mas não defendeu.
O gol certo do Ituano seria de Anderson Salles, mas o zagueiro, que fez quatro de pênalti no Paulistão, parou em ótimo defesa de Aranha. Alan Santos assustou os santistas. A bola bateu no travessão, mas entrou para marcar Santos 2 x 1.
Algoz do Palmeiras, Marcelinho deixou o dele. David Braz foi muito bem e manteve o Santos na frente. Esquerdinha deu uma paradinha e botou no ângulo para empatar novamente. Rildo também tentou a paradinha, mas mandou no pé da trave, mantendo o 3 a 3.
Marcinho, ex-Palmeiras e Corinthians, fez o dele e jogou a pressão sobre Gabriel, que não podia errar. O garoto de 17 anos, porém, foi frio e empatou. Aí começaram as batidas alternadas. Jean Carlos e, em seguida, Arouca, não tiveram problemas em converter e passaram para frente a responsabilidade. Dener e Alisson fizeram o mesmo. Na 15.ª cobrança, Josa deslocou Aranha. Aí veio Neto. O zagueiro rolou no meio do gol e deu na mão de Vagner.