Só vencer interessava ao São Paulo contra o Flamengo, mas uma nova exibição ruim nesta quarta-feira, no estádio do Morumbi, em São Paulo, pela 24.ª rodada do Campeonato Brasileiro, aliada a duas infelicidades de Rogério Ceni e a uma atuação consistente do rival, praticamente nocautearam as chances de título. Apesar de ter conseguido o empate por 2 a 2 nos últimos instantes do jogo, o time tricolor caiu para a terceira colocação - foi ultrapassado pelo Internacional - e está agora a nove pontos do líder Cruzeiro (52 a 43).
Já sabendo que o Cruzeiro havia vencido o Coritiba, o São Paulo entrou em campo pressionado pela necessidade de vitória, mas ao menos restava o conforto de saber que Alexandre Pato voltaria e formaria novamente o quarteto ofensivo com Paulo Henrique Ganso, Kaká e Alan Kardec. Havia também o retorno de Rogério Ceni, que viria a ser o personagem da noite, para o bem e para o mal.
Desde os primeiros minutos, Alexandre Pato mostrou porque virou peça fundamental na engrenagem tricolor. Com muita movimentação, era a válvula de escape de uma equipe que até se movimentava, mas não conseguia se sobressair diante dos volantes Marcio Araújo e Cáceres, que fizeram vigília intensa em Paulo Henrique Ganso e Kaká e quebravam a dinâmica de toque de bola e movimentação dos donos da casa. Restava ao atacante vir buscar o jogo, fato que originaria o primeiro pênalti após boa troca de passes com Alan Kardec.
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Rogério Ceni, até então um espectador, caminhou tranquilamente para a área e colocou a bola no fundo da rede. Mesmo sem empolgar, o time tricolor saiu na frente e até então era pouco incomodado pelo adversário, que mais parecia interessado em não sair de campo derrotado.
Foi então que Vanderlei Luxemburgo mostrou que mesmo sem estar em seu período mais vitorioso, ainda enxerga o jogo como poucos. O treinador soltou Everton e Gabriel pelo lado esquerdo e começou a bombardear o espaço que Auro deixava em suas subidas ao ataque. Pouco a pouco a dupla começou a minar o jovem lateral, que ainda sofreu sem ter cobertura dos volantes ou de Antonio Carlos, que chegava atrasado em praticamente todos as bolas.
Não por acaso o gol saiu em jogada iniciada por aquele lado, mas seria sobre Rogério Ceni que os holofotes mais uma vez recairiam. Gabriel avançou e bateu fraco, mas o goleiro se atrapalhou na hora de fazer a defesa e deu rebote açucarado para Everton estufar a rede e fazer valer a igualdade no placar, que o Flamengo fazia por merecer.
O São Paulo ainda ganharia um presente da arbitragem no início da segunda etapa após pênalti bisonhamente marcado em toque de mão muito fora da área. Na repetição do duelo entre Rogério Ceni e Paulo Victor, desta vez foi o flamenguista que sorriu após voar no canto esquerdo para defender a cobrança do ídolo são-paulino, infeliz pela segunda vez na noite.
DRAMA - Livre do susto, o Flamengo voltou a comandar as ações e passou a controlar de vez as ações do jogo, sempre alternando as laterais para agredir, e ainda contou com generosa ajuda de Muricy Ramalho, que sacou Alexandre Pato - até então o mais lúcido da equipe - para lançar Luis Fabiano. Pato sequer esperou o fim do jogo e foi direto para o vestiário.
Mal deu tempo de experimentar a formação, já que Michel Bastos foi expulso após falta violentíssima em Everton e deixou os companheiros na mão ainda na metade do segundo tempo. O que era difícil, então, se tornou praticamente impossível e restou ao São Paulo tentar se valer dos seus talentos individuais para resolver o jogo, o que não aconteceu.
Pior, aos 42 minutos do segundo tempo, Alecsandro subiu mais do que toda a defesa em cobrança de escanteio para, de cabeça, fulminar Rogério Ceni. Parecia o fim do jogo, mas Luis Fabiano aproveitou a única chance que teve para dar o empate no finalzinho da partida, na raça. Apesar do placar, a sensação é de que o time começa a perder o fôlego na luta pelo título. Será preciso jogar muito mais.