Depois de levar uma verdadeira surra na semifinal da Copa do Mundo contra a Alemanha, goleada por 7 a 1, o próprio futebol do país dos "carrascos" do Brasil pode ser uma referência para uma reformulação. Na entrevista coletiva concedida no dia seguinte à partida, Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira exaltaram todo o projeto alemão, que pode ser usado como exemplo. Mas para chegar lá, vai demorar.
Todo o projeto alemão começou em 2000. O ponto inicial foi a pífia Eurocopa daquele ano. O foco principal foi a base. Parreira assumiu que a CBF não revela jogador, mas a sua "irmã" da Alemanha, a DFB, preocupa-se muito com isso. De lá para cá, mais de R$ 1,5 bilhão já foi gasto apenas neste setor.
Logo em 2001, a Bundesliga impôs que, para estar na elite do Campeonato Alemão, os clubes eram obrigados a ter uma academia em que a garotada poderia entrar a partir dos 14 anos. Pouco depois a Segunda Divisão passou pelo mesmo. Na sequência, a DFB começou a criar centros de treinamentos pelo país para crianças dos 10 aos 14, sempre em integração com escolas. Hoje já são quase 400.
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Paralelamente a isso, investimento forte em treinadores. Os técnicos, de todas as categorias, começaram a fazer estágios em países com excelência na base, como Espanha e Holanda. Daí ficou mais fácil fazer uma forte lista de critérios para que esses centros de treinamentos dos clubes fossem referências: campos, vestiário, equipamentos técnicos, exames para técnicos, psicólogos e preparadores físicos. Segundo Felipão, o trabalho pode até estar engatinhando, mas algo já existe.
- Nós já estamos fazendo isso, temos bons cursos, temos trabalho de base na CBF com os jovens treinadores e junto aos treinadores de base, que deve resultar no futuro. Muitas vezes não é passado ao público de forma explícita, mas já está sendo feita na administração do Marin, já mudou muito essa ideia da base. Isso tudo que foi construído aqui (Granja Comary) não é só para a Seleção principal. Os cursos aqui já usam muitas das salas que nós ficamos. Já está sendo feito. Mas é longo o trabalho - reconheceu Scolari.
Ao mesmo tempo, a liga nacional foi se fortalecendo. O Campeonato Alemão é sucesso absoluto de público, com estádios sempre lotados. Com a qualidade do espetáculo dentro das quatro linhas e nas arquibancadas, fica fácil procurar investidores, patrocinadores e emissoras pagando fortunas. E um torneio em que praticamente 60% dos jogadores são locais. Na seleção que está na Copa, apenas sete atuam no exterior.