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F1 volta sem a Rússia, mas com países que violam direitos humanos

Luciano Trindade - Folhapress
19 mar 2022 às 12:29
- Divulgação
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Desde que assumiu o controle da F1 em 2016, o grupo americano Liberty Media passou a implementar um projeto de expansão global da categoria, voltando a países que abrigaram etapas no passado e, sobretudo, incluindo novos lugares.


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Para a temporada 2022, a ambição era fazer o maior campeonato da história, com 23 provas, mas o plano teve de ser revisto com a guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia, há cerca de um mês.

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A categoria anunciou inicialmente a suspensão da etapa em Sochi, prevista para setembro, mas a pressão de pilotos, equipes e, principalmente, patrocinadores, levou ao rompimento do contrato com o promotor da corrida. "O que significa que a Rússia não vai contar com nenhuma etapa no futuro", informou a F1.

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Como não anunciou nenhuma corrida como substituta -embora o Qatar tenha manifestado interesse de receber um GP-, a categoria deverá ter 22 etapas neste ano, como foi em 2021. A abertura está marcada para domingo (20), com o GP do Bahrein, às 12h (de Brasília). A Band transmite.


Além da corrida no circuito de Sakhir, a F1 também terá etapas em Singapura, Azerbaijão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, países frequentemente acusados de violar os direitos humanos. Atualmente, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) é presidida por Mohammed ben Sulayem, dos Emirados Árabes.

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Em carta endereçada ao CEO da categoria, Stefano Domenicali, o Bird (Instituto por Direitos e Democracia no Bahrein) diz que a F1 não dá a mesma atenção aos problemas do Oriente Médio como fez diante da situação provocada pela Rússia em solo ucraniano.


No texto, escrito por Sayed Ahmed Alwadaei, diretor da instituição, é citada a renovação do contrato com a organização do GP do Bahrein por mais 15 anos. Segundo ele, a extensão desse acordo "contradiz diretamente afirmação feita no ano passado [por Domenicali] de que a F1 leva muito a sério questões como a violência, abuso de direitos humanos e repressão".

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Em 2021, a categoria também havia sido alvo de críticas pela Anistia Internacional na ocasião do anúncio do GP da Arábia Saudita. A entidade que defende os direitos humanos alertou que a promoção do evento poderia desviar a atenção de acusações das quais o governo liderado pelo monarca Salman bin Abdulaziz Al Saud, 85, é alvo.


Nada disso demoveu a Liberty de dar sequência a seu plano de expansão no Oriente Médio, principalmente por causa dos milhões de dólares que o grupo passou a ganhar com as corridas na região -somente o acordo de patrocínio com a Saudi Aramco, gigante estatal saudita de petróleo e gás natural, rende à F1 cerca de US$ 40 milhões (R$ 206 milhões) por temporada.

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O GP da Rússia também estava entre os mais rentáveis. Estima-se que o país de Vladimir Putin desembolsasse US$ 50 milhões (R$ 253 milhões) por ano. A prova era patrocinada pelo VTB, segundo maior banco russo, controlado pelo governo.


A empresa está na lista de entidades que sofreram sanções do governo britânico por causa da guerra na Ucrânia. Ela não era a única a bancar a etapa, mas as demais empresas também são ligadas ao governo de Putin.

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Controlada por um grupo dos Estados Unidos, a F1 tem sua sede operacional no Reino Unido, e a maioria das equipes é europeia. Ou seja, a categoria é composta por organizações de países que formam o núcleo da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Essa composição geopolítica ajuda a entender a postura da F1 em relação à guerra iniciada pela Rússia.


Na era das redes sociais, manter ainda uma corrida em solo russo certamente provocaria danos à imagem da categoria, algo que no passado era mais facilmente ignorado pelos gestores do Mundial. Basta lembrar que houve corridas na África do Sul nos anos 1960, 1970 e 1980, quando o país vivia o apartheid, regime de segregação racial.

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A resposta à guerra na Ucrânia, porém, não foi tão firme quanto as de outras entidades esportivas, como a Fifa e a Uefa. O cancelamento do contrato com os russos só ocorreu depois de muita pressão da opinião pública, sobretudo na Europa.


A cautela em relação ao governo de Putin se deve à amizade de longa data que o político mantém com o antigo gestor da F1, o britânico Bernie Ecclestone, que, apesar de ter vendido a categoria, mantém influência nos bastidores. Ele foi um dos principais apoiadores da campanha que elegeu o atual presidente da FIA.


A entidade que regula o esporte a motor foi pressionada a suspender as licenças dos pilotos da Rússia e da aliada Belarus devido ao confronto na Ucrânia, porém optou por liberar os corredores. Eles não podem usar nem fazer menção a qualquer símbolo de seus países, como hinos e bandeiras.


Na F1, o principal impactado pela medida foi o russo Nikita Mazepin. A equipe Haas decidiu romper o contrato com ele e com a sua então principal patrocinadora, a Uralkali -russa do ramo de fertilizantes-. Um dos donos da empresa é Dmitry Mazepin, oligarca russo associado a Vladimir Putin e pai de Nikita.


É nesse cenário de efervescência política e com o mundo ainda sob a pandemia do novo coronavírus que a temporada 2022 da F1 começa neste fim de semana, no Bahrein. O holandês Max Verstappen, da Red Bull, defende seu título, enquanto o britânico Lewis Hamilton, da Mercedes, busca uma revanche após ficar com o vice-campeonato em 2021.

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