A Via Rural Smart Farm - popularmente conhecida como Fazendinha - atrai
diversos visitantes diariamente aos cerca de 11 mil metros quadrados de área
dentro da ExpoLondrina. Com uma programação variada dividida em 22 stands, o
local recebeu na 28ª Edição, em 2024, 200 mil pessoas. Para este ano, a
expectativa, segundo a SRP (Sociedade Rural do Paraná), é que esse número seja
superado.
E não faltam opções para os que desejam fazer um passeio em família regado a cultura, educação e curiosidades sobre a região norte do estado.
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Café Qualidade
Já na entrada do percurso, é possível ter um panorama do império do café que os municípios do Paraná construíram ao longo do tempo. O stand Café Qualidade relembra os tempos áureos da produção cafeeira na região de Londrina com filas de pés de café - permitindo a imersão do visitante nas lavouras - e informações sobre a qualidade do grão, que é referência nacional.
Denilson Fantin, técnico do Programa Café do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) e responsável pelo Centro de Pesquisa em Qualidade do órgão, lembra que 2025 marca os 50 anos do maior evento climático que marcou o setor, a geada negra. Além de tecnologia para lidar com o clima, o IDR, nas últimas décadas, criou ferramentas para atenuar outras “pragas”. O órgão desenvolveu e registrou 13 variedades resistentes às principais pragas e doenças do parque cafeeiro do Brasil. O cruzamento genético dos grãos, que mescla ciência e tecnologia, já tem 9 variantes disponíveis no mercado.
“A ferrugem alaranjada do cafeeiro é a pior doença. Dizemos que é uma geada por ano, se não controlarmos a ferrugem. Nós temos 4 variedades com resistência total. Elas são imunes à ferrugem. Esse cruzamento criou uma planta com grande rusticidade e resistência”, explica Fantin.
O cruzamento genético, feito por melhoristas do IDR, é um trabalho científico que pode demorar décadas até entrar em circulação.
“Para se lançar uma variedade, são no mínimo 25 anos de estudos. Desde o primeiro cruzamento no pólen até o avanço das gerações. [...] Temos duas variedades com resistência a Nematóides [praga que corrói o café], são as únicas no Brasil. Elas são plantadas em Minas Gerais e pagam royalties ao governo do estado”, garante.
O Paraná, que em seu ápice teve 1,68 milhão de hectares de plantações de café, hoje anota somente 25 mil hectares. Cerca de 90% da colheita ainda é feita manualmente.
Rota da seda
A rota da seda,
dividida em dois stands, também é popular entre os visitantes. Os técnicos da
empresa Bratac Seda dividem-se para explicar todo o processo aos curiosos,
desde a eclosão dos ovos do bicho-da-seda até a fase adulta do inseto, quando
produzem os casulos da seda.
Além de produzir um
dos tecidos mais nobres do mundo, o bicho-da-seda também vem sendo testado em
outros produtos, como whey protein - ainda não comercializado - e crisálida,
uma crocante ração animal e petisco feito do corpo do inseto. As pessoas que passarem
pelo local podem provar a isca.
Os stands do
bicho-da-seda não param de receber pessoas o dia inteiro. De acordo com o
supervisor técnico da empresa Maicon de Souza, os visitantes ficam encantados
com o processo até a comercialização do fio. Não é para menos. Segundo ele, o
estado é referência no produto, consumido majoritariamente no exterior.
“Mais de 90% [da
produção] é feita para exportação. É pouco o que fica aqui no país. Então,
sempre trabalhamos prezando pela qualidade do casulo. O fio de seda brasileiro
produzido na Bratac é o melhor do mundo. Atendemos principalmente o mercado
europeu e asiático”, salienta Souza. O stand Sericicultura funciona das 9h da
manhã até as 18h.
Abelhas e outros insetos
A Smart Farm também
foca em stands com abordagens na preservação de insetos e animais na flora e
fauna da região de Londrina. A Apicultura teve espaço de destaque, com
exposição de variadas espécies de abelhas e a sua importância para o
ecossistema. Cléber de Oliveira, engenheiro agrônomo na empresa Stander Bee
Consultoria, destaca que a extinção das abelhas deve ser levada a sério pela
sociedade.
“O principal
causador da extinção das abelhas são os defensivos agrícolas. Na cidade, temos
a questão do fumacê. O nosso trabalho aqui na exposição é justamente trazer a
variedade das espécies para o pessoal ver, para tentar mudar essa ideia de que
abelha mata e tentar mudar a conscientização sobre os defensivos.”
Além de ser
necessária para manter o status quo da natureza, as abelhas também trazem lucro
a quem as cultiva.
“O principal
subproduto da abelha, o mel é o mais comercializado. Mas também há a
comercialização das colônias de abelhas sem ferrão, a própria polinização,
porque há produtores que as compram para fazer esse serviço”, explica.
De acordo com o
engenheiro, as colheitas de mel são sazonais e ocorrem duas vezes por ano, em
abril e outubro. Uma colônia produz de 18 a 30 kgs de mel por ano.
A UEL (Universidade
Estadual de Londrina) também esteve presente com um stand com foco na proteção
de insetos. O projeto Guardião das Abelhas, do CCB (Centro de Ciências
Biológicas), por exemplo, faz um trabalho de explicar nas escolas municipais a
importância das abelhas, usando a alimentação como base. No espaço, os alunos
podem elucidar curiosidades sobre borboletas, besouros e até bicho-pau.
Quem foi gostou do que viu
A Fazendinha oferece
uma gama de informações úteis para todos, mas principalmente para quem está
vendo temas relacionados em sala de aula. Patrícia Aparecida, 45 anos, é
coordenadora do Ensino Fundamental 1 do Colégio Santa Marta de Ibiporã (Região
Metropolitana de Londrina). Ela garante que todo o conhecimento adquirido na
Fazendinha poderá ser usado também em sala de aula. Somente nesta segunda-feira
(7), 138 alunos passaram pela Fazendinha com o apoio de 23 professores da
instituição.
“É um momento único,
né? Muitas crianças nunca tiveram contato com isso e nunca tiveram a
oportunidade de vir. É um momento maravilhoso para eles terem contato com o
meio ambiente, com os animais e com os profissionais que estão ali também,
apresentando para eles. Então, para a gente, está sendo um momento muito
diferente”, expõe.
Segundo a SRP, neste
ano 21 mil alunos de diversas escolas da região passarão pela área até o fim da
feira. Além das crianças e adolescentes, outras 10 mil pessoas cadastradas em
outras entidades também marcarão presença na Fazendinha até dia 13 de abril.
As 22 opções de
conteúdo também encantaram o público da terceira idade. Neuza de Abreu,
aposentada de 66 anos, ficou maravilhada com toda a estrutura. Sem visitar a
feira há alguns anos, ela foi convencida pelas irmãs a fazer o “tour” pela
Smart Farm e garante que não se arrependeu.
“É muito lindo. É
muito bacana! Há muita informação e coisas diferentes, sabe? Adoro ver. Fomos
atrás de tudo, dos animais, ovelhas, boi. Faz tempo que não venho, mas este ano
as minhas irmãs quiseram vir e a gente se empolgou. Amo artesanato, amo ver plantas
diferentes. Tudo chama a atenção. Tá tudo muito bonito e bem arrumado”,
comemorou a aposentada.
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