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A geração do diploma

12 nov 2013 às 09:05

Em 2012, cerca de sete milhões de matrículas de graduação foram feitas no Brasil e neste mesmo ano mais de 800 mil pessoas receberam o diploma de ensino superior. Números que tendem a crescer mais ainda durante algum tempo, afinal apenas 11% da população entre 25 e 64 anos possui tal formação, posicionando-nos em último lugar num ranking de 36 países estudados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Contudo, para surpresa de muita gente, mesmo com o canudo em mãos boa parte destes formandos tem enfrentado um grave problema: quando se apresentam ao mercado de trabalho, descobrem que a sua capacitação não atende os requisitos mínimos exigidos pelos empregadores, sucumbindo então às melhores oportunidades ofertadas.

Antigamente, diploma era sinônimo de alta qualificação e empregabilidade; hoje não mais. E por quê? Estamos diante da "Geração do Diploma", isto é, uma gama de milhões de indivíduos que cursaram a graduação, mas permanecem despreparados para enfrentar os desafios de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.


Podemos atribuir este fenômeno à confluência de vários motivos. O primeiro deles, sem dúvida, é a falta de experiência prática que estas pessoas carregam, mesmo quando seu histórico acadêmico revela que acumularam certificados de renomadas instituições de ensino. Por isto é que elas literalmente travam ao terem de liderar outros indivíduos, trabalhar em equipe, administrar conflitos ou comunicar suas ideias com eficácia no dia a dia.


Também há o problema da baixa qualidade do ensino ofertado pela maioria das universidades. Com uma abordagem exageradamente teórica – que impede o desenvolvimento de competências críticas como estas já citadas – e professores desmotivados, muitos dos aprendizes estão mais preocupados com a nota do semestre do que em aprender de verdade.


Outro grave complicador é o fato de que uma parcela considerável dos alunos não está minimamente preparada para alcançar um bom desempenho acadêmico em decorrência dos déficits de aprendizagem que carrega desde o ensino básico. Aliás, isto me faz lembrar a história de um colega professor de matemática que deixou o plano de aulas de lado para ensinar operações básicas aos seus alunos recém-ingressados na universidade. Era fazer isso ou então contentar-se em não avançar praticamente nada ao longo do ano.


No entanto, o dado mais preocupante tem a ver com o índice de analfabetismo funcional entre os universitários. Segundo o Instituto Paulo Montenegro (IPM), 38% dos acadêmicos brasileiros não conseguem interpretar textos de média complexidade e, quando formados, também não saberão ler relatórios, analisar problemas ou lidar com indicadores gerenciais em seu trabalho.


É por conta de todos estes fatores que muita gente atua em posições medianas, mesmo com quilos de diplomas, enquanto acompanha profissionais sem pedigree – mas com performance inquestionável – sendo disputados por várias companhias. Se estes já são realidade e mostraram a que vieram, aqueles parecem ter potencial só que ainda não provaram seu real valor.


A formação acadêmica continuará sendo decisiva na trajetória profissional de cada um de nós, porém não pense que seu diferencial virá do saber acumulado. É o seu portfólio de competências que chamará a atenção dos contratantes durante este e os próximos anos. Ou seja, a combinação entre o conhecimento técnico, a vivência prática e os resultados alcançados nas mais diversas situações-limite enfrentadas.


Antes de inscrever-se num novo curso – especialmente, os de longa duração –, avalie bem o que você espera dele e o que fará para aproveitar os recursos lá investidos. Prestar-se ao papel de angariador de certificados já não é uma boa escolha há tempos.


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