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Caso Samarco e a gestão baseada em valores

Wellington Moreira
14 dez 2015 às 11:04
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No último mês de agosto estive participando do CONARH (Congresso Nacional de Recursos Humanos) e lá pude assistir palestras bastante inspiradoras. Uma delas, em especial, chamou a minha atenção. Foi ministrada pelo executivo Ricardo Vescovi, presidente de uma companhia que eu mal conhecia e foi convidado para falar sobre a importância da gestão baseada em valores durante crises empresariais.

Como tenho por hábito tomar notas das apresentações que testemunho, naquela oportunidade registrei algumas frases ditas por ele que vale a pena compartilhar com você:
- "Os valores centrais da nossa empresa são a integridade, o respeito às pessoas (de dentro e fora da companhia) e a mobilização para os resultados".
- "Na crise é necessário construir confiança e o diálogo é a principal ferramenta para isto acontecer".
- "Os gestores organizacionais precisam entender que as crises exigem o protagonismo da liderança. Isto é, você não pode correr da responsabilidade de conduzir o time".
- "Quando alguém busca transparência e abertura, a boa reputação é uma consequência. O simples eco daquilo que você faz".
- "Ninguém fala em valores no nosso mercado de atuação, mas nós levamos este assunto a sério. Podem nos visitar para verem de perto".

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Ao final, fiz questão de cumprimentá-lo e dizer que foi um prazer escutar alguém que parecia realizar um excelente trabalho. Ele, dócil, agradeceu as minhas palavras e logo passou a dar atenção para inúmeras outras pessoas que também queriam lhe falar, inclusive jornalistas de diferentes veículos. Confesso que fiquei com vontade de conhecer seu trabalho de perto.

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Ele voltou a receber a minha atenção – e a do mundo todo, infelizmente – a partir do dia 05 de novembro, quando 40 bilhões de litros de rejeitos de minério de ferro da empresa que dirige desceram o Rio Doce por 500 km até atingirem o litoral do Espírito Santo, matando ao menos 15 pessoas e destruindo tudo o que estava no seu caminho. Sim, o Ricardo Vescovi é presidente da Samarco.

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Na última quinta-feira, depois de inúmeros pedidos de entrevista rejeitados, a Folha de S. Paulo publicou as 25 perguntas que gostaria de lhe fazer e até agora não pôde. Entre as questões: "A Samarco se considera responsável pelas mortes de trabalhadores da empresa e de moradores de Bento Rodrigues, em Mariana?", "A Samarco nunca se incomodou com tanta gente morando perto de uma estrutura que depois se mostrou vulnerável?", "Por que a Samarco tem tomado medidas quase sempre a conta-gotas e apenas após a pressão da Justiça, prefeituras, órgãos ambientais e Ministério Público?" e "Por que a empresa demorou tanto para pedir desculpas pela tragédia?".


É fácil pregarmos a transparência e tantos outros princípios socialmente aceitos; o difícil é ser transparente quando as coisas não saem conforme planejamos. Por isso, quem realmente leva a sério um modelo de gestão fundamentado por valores, sabe que muitas vezes tem de tomar decisões que trazem prejuízos financeiros aos negócios e pedir desculpas quando erra, pois prefere fazer o que é certo em vez daquilo que é conveniente.

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O momento mágico da Samarco praticar o diálogo, a simplicidade, a transparência e o protagonismo – pilares da gestão baseada em valores, segundo palavras do seu próprio presidente – é este. E daí, o que acontece? Até agora desconhecemos a causa da ruptura da barragem (uma informação elementar), ninguém fala com a imprensa e parece que a empresa não tem comando.


Seria muito bom escutá-lo falar sobre o mesmo tema no congresso de 2016, mas agora sob um novo enfoque: "Gestão baseada em valores: o que não fazer nas crises". Certamente será enriquecedor conhecermos as angústias e os desafios de quem, por força do contexto ou da pressão de gente mais graúda, às vezes não consegue executar aquilo que realmente gostaria.​

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