A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, na terça-feira (22), o remédio Kisunla, o primeiro indicado para tratar comprometimento cognitivo leve e demência leve associados ao Alzheimer na fase inicial.
Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o princípio ativo donanemabe retarda a progressão da doença, atuando sobre uma das prováveis causas da perda cognitiva. “Ele é um anticorpo monoclonal que se liga à proteína beta-amiloide que está acumulada no cérebro dos pacientes com Alzheimer, fazendo com que seja eliminada”, explicou Lindsey Nakakogue, médica geriatra em Londrina e diretora científica da Febraz (Federação Brasileira das Associações de Alzheimer).
A regularização garantida pela Anvisa, publicada no Diário Oficial da União, se baseou no estudo clínico internacional TRAILBLAZER-ALZ 2, que contou com 1.736 participantes de oito países diferentes. Os pacientes estavam todos no primeiro estágio da doença, permeado por alterações na memória, personalidade e nas habilidades espaciais e visuais.
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O ensaio mostrou que os 860 participantes tratados com donanemabe apresentaram menor declínio cognitivo e funcional em comparação aos 876 do grupo placebo, que receberam infusões intravenosas simuladas. A medicação já é utilizada nos Estados Unidos, e sabe-se que “atrasa a progressão da doença para o estágio moderado, mantendo a autonomia do paciente por mais tempo, e os efeitos colaterais geralmente são reversíveis e podem ser prevenidos”, pontuou Nakakogue.
As reações mencionadas pela geriatra são relacionadas à infusão, podendo incluir dores de cabeça, febre e sintomas parecidos com os da gripe. “Por isso a importância do acompanhamento médico especializado, estamos aguardando dados de estudos a longo prazo”.
TRATAMENTO
A aplicação do remédio é feita diretamente na veia, em doses mensais por até 18 meses. O tratamento pode ser suspenso antes do prazo, caso o cérebro do paciente atinja níveis mínimos da proteína beta-amiloide.
A CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) deve ter 90 dias para precificar o Kisunla, informou a médica. Disse ainda que a disponibilidade no Brasil ocorrerá ainda este ano. “Após a precificação, vai ficar a cargo do Ministério da Saúde e da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) decidir pela inclusão ou não no SUS”.
Junto do recorrente avanço em pesquisas, o remédio representa uma “esperança de que novos medicamentos surjam para fases mais avançadas do Alzheimer, e quem sabe, a estabilização completa da doença”, espera Nakakogue.
Elaine Mateus, presidente da Febraz, tem a expectativa de que “muitas oportunidades novas se abram na área das demências com a aprovação dessa medicação. Tem um caminho ainda para ser percorrido, mas estamos celebrando muito essa conquista.”
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