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Adenomiose atinge 150 mil mulheres por ano no Brasil

23 fev 2018 às 16:10

Útero aumentado, cólicas, dores pélvicas, sangramento excessivo e incômodo durante a relação sexual. Estes sintomas podem indicar uma série de doenças ginecológicas, entre elas a adenomiose, que atinge 150 mil mulheres por ano no Brasil. Até alguns anos atrás ela só era diagnosticada depois que o útero era retirado e enviado para um estudo anatomopatológico, o que impossibilitava mulheres de engravidar.

Com o avanço dos exames de imagem, como a ultrassonografia e a ressonância magnética, além das técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como a histeroscopia e videolaparoscopia, é possível realizar o diagnóstico sem a necessidade de retirar o útero, e isso é muito importante para mulheres que desejam ter filhos.


O fenômeno da maternidade tardia trouxe à tona as discussões sobre a adenomiose, já que a doença parece ser mais comum em mulheres de 40 a 50 anos. O fato da mulher ter dificuldades para engravidar pode levar ao diagnóstico da adenomiose a partir de exames ginecológicos.


O que é a adenomiose?


Segundo o ginecologista e cirurgião Edvaldo Cavalcante, a adenomiose se caracteriza pela invasão de células do endométrio no miométrio. "O endométrio é parte interna do útero, sendo extremamente vascularizado e repleto de glândulas que participam do ciclo menstrual. Já o miométrio é a camada muscular do útero, que participa das contrações uterinas no momento do parto".


"Na endometriose, as células do endométrio migram e podem ser encontradas em outros órgãos e estruturas, como ovários, tubas uterinas e intestinos. Na adenomiose as células do endométrio se implantam no próprio útero, no miométrio. Portanto, a adenomiose se define pela presença de glândulas endometriais e de tecido conjuntivo vascularizado na camada muscular uterina", explica Edvaldo.


Útero aumentado


Uma das consequências da implantação de células endometriais no miométrio é o aumento do volume uterino, que pode ser sentido no exame ginecológico e visto em exames de imagem. Quanto aos sintomas, o ginecologista explica que é muito variável e depende da profundidade do miométrio atingido.


"A adenomiose está associada à cólica menstrual, hemorragia, dor pélvica crônica e à dor durante a relação sexual. O sintoma mais prevalente é a dor pélvica", comenta o cirurgião. Um estudo realizado com 710 mulheres na pré menopausa que fizeram histerectomia mostrou que apenas 4,5% delas não apresentavam sintomas. A dismenorreia era a queixa mais prevalente, relatada por 81,7% do grupo.


Comorbidades


A adenomiose quase sempre está associada a outras doenças ginecológicas ou pélvicas. "A adenomiose está relacionada à produção do estrogênio, ou seja, é uma doença hormonodependente. Desta forma, frequentemente está associada a outras doenças que também são hormonodependentes, como miomas e a endometriose", acrescenta Edvaldo.


Evidências recentes mostram também que a adenomiose é uma possível causa de infertilidade, assim como interfere nos processos de fertilização in vitro.


Diagnóstico e tratamento


Após um exame físico, é comum que sejam solicitados exames de ultrassom transvaginal, ressonância magnética ou ainda cirurgias diagnósticas, como a histeroscopia ou a videolaparoscopia.

Um dos maiores desafios da adenomiose é o tratamento da infertilidade. "Não há um consenso sobre a melhor forma de tratar os casos sintomáticos, principalmente nas mulheres que querem engravidar. Quanto às técnicas cirúrgicas, em mulheres que desejam ter filhos é possível fazer a adenomiomectomia, cujo principal objetivo é retirar as lesões de forma segura, mantendo a integridade da parede uterina. Mesmo sabendo do impacto adverso no útero e para os resultados da fertilidade. Naquelas que não desejam engravidar, o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, a retirada do útero ainda é o tratamento com melhor resultado", finaliza o ginecologista.


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