O número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil subiu para 201 nesta terça-feira (31), segundo dados do Ministério da Saúde. O registro de 42 mortes em apenas um dia é o maior até agora.
Para comparação, até segunda-feira havia 159 mortes registradas - foram 23 novas confirmações em 24 horas.
Ao todo, o Brasil soma 5.717 casos confirmados da doença. O número representa um salto de 25% com relação ao dia anterior, quando eram contabilizados 4.579 casos.
Leia mais:
Pimenta diz não ver necessidade por ora de afastamento de Lula da Presidência após cirurgia
Com 1.176 casos de dengue, regional de Londrina lidera registros de dengue no Paraná
Lula evoluiu bem à cirurgia, está estável e conversa normalmente, dizem médicos
'Presidente encontra-se bem', diz boletim médico após cirurgia de Lula
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem dito que há subnotificação, mas sem citar estimativas. Para ele, medidas de distanciamento social já ajudaram a evitar um aumento ainda maior.
O estado de São Paulo tem o maior número de casos confirmados de Covid-19, com 2.239 registros. Na sequência aparecem Rio de Janeiro (708), Ceará (390) e Distrito Federal (332).
A região Sudeste, portanto, concentra 60% dos casos. O Nordeste tem 15%, o Sul, 12%, o Centro-oeste, 8%, e o Norte, 5% dos casos.
Segundo o balanço, 18 estados já tiveram mortes pela Covid-19. O maior número ocorre em São Paulo, com 136 já confirmadas, seguido do Rio de Janeiro, com 23.
Mandetta chamou a atenção para o fato de que 79 das 136 mortes em São Paulo ocorreram no mesmo hospital, o Santa Maggiore, voltado ao atendimento de idosos. "É um ponto fora da curva", afirmou.
Segundo ele, a situação ocorrida no hospital ajuda a explicar o número de mortes em São Paulo, sobretudo entre idosos.
"O que você não quer: aglomeração de idosos, todos doentes e imunodeprimidos. Um empresário, e isso aí serve muito para a ANS [agência que regula os planos de saúde], porque ela não deveria ter autorizado isso, ele iniciou a venda de um plano de saúde chamado de Prevent Senior. Ele achou na sua cabeça de empresário que idosos compram muito plano de saúde, e não diluiu o risco da carteira. E fez um serviço para atender só eles. Ele não contava com a entrada de um vírus de tropismo para esse paciente e provavelmente não tomou as barreiras que precisaria ter tomado antes da entrada do vírus", disse.
De acordo com o ministro, a secretaria de saúde local estuda a possibilidade de uma intervenção. Ele evitou, porém, comentar medidas específicas.
A pasta também divulgou outros dados sobre mortes registradas no país. Levantamento em 181 dos 201 óbitos contabilizados mostra que 89% ocorreram em pessoas acima de 60 anos.
Do total, 85% também tinham doenças associadas. As mais frequentes são doenças cardíacas e diabetes. Já 15%, por outro lado, não tinham doenças. Deste grupo, 18% tinham menos de 60 anos, informou o ministério.
Ainda de acordo com a pasta, já foram registradas 19 mil internações por síndrome respiratória aguda grave neste ano, das quais 1.075 foram confirmadas para o novo coronavírus. Nas últimas semanas, o aumento chega a 150% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo Mandetta, a pasta elaborou um conjunto de "condicionantes" para verificar possíveis mudanças nas recomendações sobre circulação de pessoas. Entre elas, está o aumento da estrutura da rede de saúde e acesso a equipamentos de proteção por profissionais de saúde. A lista completa não foi informada.
Ele voltou, no entanto, a fazer um apelo para que medidas de restrição adotadas pelos estados sejam seguidas. "Mantenham, porque estamos nos preparando, e a luta é grande", diz.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro distorceu uma declaração do diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Ghebreyesus, para defender o retorno ao trabalho de trabalhadores informais.
A frase de Ghebreyesus foi: "Cada indivíduo é importante, cada indivíduo é afetado pelas nossas ações. Qualquer país pode ter trabalhadores que precisam trabalhar para ter o pão de cada dia. Isso precisa ser levado em conta".
Questionado, Mandetta disse ver na declaração da entidade um alerta sobre a necessidade de adotar medidas de assistência à população adaptadas a cada país e situação local.
"O que eu entendi é que há sim que se fazer considerações sobre a parte de dinâmica social, mas sem abrir mão em momento nenhum da ciência que tenha no seu espaço. Conhecemos a Rocinha, Paraisópolis, conhecemos nossos pontos fortes e frágeis. Se o Brasil não faz uma receita de bolo, imagina uma OMS fazer isso para o mundo. O que ela faz são considerações, e isso muito forçado pela situação da Índia e África", disse.
Mandetta diz que o ministério deve observar "aspectos científicos" para fazer novas recomendações no país. "Não vamos fazer medidas que sejam arriscadas para o nosso povo enquanto não tivermos condições de trabalho [na saúde]", emendou.
Em seguida, voltou a frisar a necessidade de manter o "máximo de distanciamento social".
De acordo com o ministro, o governo finalizou na segunda-feira (30) um contrato para aquisição de 300 milhões de equipamentos de proteção individual para serem usados pelos profissionais de saúde.
A pasta também deve anunciar nos próximos dias um sistema de inteligência artificial com ligações à população para monitoramento de possíveis casos de coronavírus.