Segundo o Ministério da Saúde, 3% da população brasileira tem obesidade mórbida, aquela em que o Índice de Massa Corpórea (IMC) está acima de 40 kg/m², e metade da população está acima do peso.
O país está dentro da tendência global de aumento da obesidade. Um terço dos adultos do mundo - cerca de 1,46 bilhão de pessoas - é obeso ou está acima do peso, de acordo com um estudo do instituto britânico Overseas Developement Institute (ODI). O ODI é um instituto independente que há 53 anos promove pesquisa e reflexão em questões humanitárias.
Divulgado no início deste ano, o estudo, baseado em números de cada país, demonstrou que a América do Norte ainda tem o maior percentual de adultos com excesso de peso, mas regiões como a Austrália e sul da América Latina estão chegando perto, com 63%. Já o norte de África, o Oriente Médio e a América Latina viram o excesso de peso e as taxas de obesidade da população aumentarem para um nível semelhante ao da Europa: 58%.
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Para o clínico e cirurgião especialista em cirurgia da obesidade Giorgio Baretta, essa pandemia se deve muito ao estilo de vida moderno que combina uma alimentação rica em carboidratos com o sedentarismo. "O corre-corre do dia a dia facilita o consumo de alimentos industrializados, ao mesmo tempo em que dificulta o hábito da atividade física".
Baretta lembra que transtornos psicológicos como o estresse e a depressão também podem levar ou agravar distúrbios alimentares, assim como causas genéticas. "Se um dos genitores é obeso, o filho terá 50% de chance, e se os dois são, terá 80% de chance. Se nenhum deles for obeso, o filho terá 10% de chance de ter obesidade", compara.
Segundo o cirurgião, a prevenção é necessária no combate à obesidade, com campanhas educacionais para melhora do estilo de vida no que diz respeito à alimentação e atividades físicas.
Cirurgia bariátrica
Estimativas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) avalia que há 8 milhões de brasileiros com indicação para a cirurgia de redução de estômago. Em 2013, foram feitos 80 mil procedimentos cirúrgicos.
O cirurgião explica que de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com IMC acima de 35 kg/m², portadoras de doenças graves, e aquelas com IMC acima de 40 kg/m².
Assim como a Associação Médica Americana, Baretta classifica a obesidade como uma doença em si mesma. "A obesidade pode causar diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, elevação de colesterol e triglicerídeos, doença coronariana, artroses de membros inferiores e coluna, refluxo gastroesofágico, infertilidade, pedra na vesícula, gordura no fígado e pode aumentar o risco de câncer em vários órgãos e, naturalmente, de baixa autoestima", explica, declarando que não opera pacientes que buscam apenas estética.