O citamegalovírus, um vírus do grupo herpes, é considerado uma infeccção relativamente comum, podendo causar apenas um resfriado ou, muitas vezes, não causar sintomas. Entretanto, o contato com o vírus durante a gestação pode causar diversos problemas de malformação no bebê.
A história da produtora rural Danielle Camassola Wilpert, de 38 anos, é um dos exemplos de contato com o vírus durante a gestação. Para ela, a descoberta da infecção veio somente ao final da gravidez, quando, ao apresentar sintomas de resfriado, realizou um exame de rotina do pré-natal e descobriu ter contraído o citomegalovírus.
Danielle foi instruída por um médica que era preciso esperar o bebê nascer para avaliar se o vírus causaria algum problema de saúde, porém, não satisfeita com as respostas, ela decidiu pesquisar sozinha sobre a infecção e maneiras de proteger o filho.
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Um tempo depois, em um exame morfológico, feito com 24 semanas de gravidez, uma dilatação dos ventrículos do cérebro do bebê foi identificada, o que aponta uma hidrocefalia. Com a descoberta, Danielle passou a procurar um neurocirurgião pediátrico, que seria o especialista adequado para o caso.
"Onde moramos é difícil localizar um profissional desse. Acabei procurando no Instagram e o que me chamou a atenção foi o doutor Alexandre Canheu. Segui e acompanhei, sem marcar consulta porque a orientação até então era de esperar o parto. Mas ao me informar, vi que deveria fazer algo o quanto antes para reverter o caso sem causar danos no cérebro do meu filho”, conta a mãe.
O neurocirurgião pediátrico Alexandre Canheu pontua que a partir da identificação do vírus na gestante, a intervenção deve ser feita o mais rápido possível. Em alguns casos, o tratamento pode ser feito somente a partir de medicamentos, enquanto que em outros a intervenção cirúrgica é necessária.
Este foi o caso de Danielle que, na primeira consulta com o especialista, recebeu a orientação de que uma operação no recém-nascido seria necessária. O objetivo era evitar danos cerebrais causados pelo acúmulo de líquido no cérebro
Assim, um dia depois da cesariana, o bebê passou por um procedimento chamado de DVP, em que "uma válvula de derivação ventricuolperitoneal é implantada no paciente para drenar o líquido de dentro dos ventrículos cerebrais e levá-lo a cavidade abdominal, onde será absorvido".
O médico aponta que é de extrema importância que as gestantes passem por todos os exames de pré-natal, principalmente nos dois exames responsáveis por identificar se houve contato recente com o vírus, que acontecem no ínicio e no meio da gestação. "O vírus precisa ser identificado o quanto antes para podermos começar com o tratamento", destaca.
O bebê e a mãe passam bem após a intervenção cirúrgica. "Ele está muito bem, a cabeça dele já normalizou e não teve nenhum dano. A princípio é um bebê sem dano no cérebro causado por hidrocefalia", ressalta. O especialista ainda explica que ele possivelmente terá que conviver com a válvula, e que se desenvolverá bem.
O vírus
O citomegalovírus, chamado de CMV, é uma infecção por vírus da família herpes-vírus, que acomete pessoas de todas as idades. A maioria dos casos não apresentam sintomas, mas podem provocar sensação de febre e cansaço, tendo em vista que o sistema imunológico fica enfraquecido.
O médico especialista explica que mesmo que a gestante tenha tido contato com o vírus alguma vez, isso não interfere na gravidez. O contato se torna um problema se tiver sido feito durante a gestação, já que "o vírus indo pro bebê pode causar diversas alterações, várias mal formações, podendo afetar o sistema nervoso central e causar até mesmo um aborto."
Por isso, é preciso investir na prevenção. A transmissão do vírus ocorre por saliva, alimentos mal lavados ou mal cozidos, transfusões de sangue, transplante de órgãos, transmissão congênita e sexual. Alexandre Canheu reforça que a melhor prevenção é o o cuidado e higiene com os alimentos e, principalmente, fazer os exames preventivos.
Além de detectar a infecção em nas gestantes, é possível identificar nos recém-nascidos, através de exames de urina ou saliva. Nesses casos, quando identificado, o tratamento recomendado passa a ser através de medicamentos antivirais.
O neurocirurgião pediátrico recomenda que “ao ser diagnosticada com o citomegalovírus, a mãe seja acompanhada por um obstetra experiente e que, caso uma alteração seja identificada, um neurocirurgião avalie o caso". (Com Assessoria de Imprensa)
*Sob supervisão de Fernanda Circhia