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Abuso da operadora

Cliente de plano de saúde questiona rescisão unilateral

Agência Estado
06 ago 2012 às 19:10

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O músico Clóvis de Figueiredo Leite, de 61 anos, mudou-se de casa e acabou esquecendo de pagar uma mensalidade do plano de saúde. Quitou em dia a fatura do mês seguinte, mas foi surpreendido com o cancelamento do contrato, logo depois. Ao procurar a operadora, foi informado que estava em atraso há mais de 60 dias, o que autorizava a suspensão do contrato. Só conseguiu reverter a situação na Justiça.

"Meu plano é de 1997 e eu pagava R$ 814. Se tivesse que fazer um contrato novo, a mensalidade passaria para R$ 2.400. Sou diabético, tive hepatite C, preciso de acompanhamento constante. Acho que eles forçam a situação para o cancelamento", acredita o músico, que vive em Itabuna (BA).

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A rescisão unilateral do contrato individual é o sexto motivo de queixa dos clientes de planos de saúde, segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). A prática é proibida pela Lei 9.656/98, que regulamenta os planos, a não ser em caso de fraude ou de atraso no pagamento superior a 60 dias, consecutivos ou não. Mesmo que ocorra o atraso, a operadora só pode cancelar o contrato se informar previamente o segurado. Nem sempre é o que acontece. "Eu nunca fui avisado. Tive que fazer exames e precisei pagar do meu bolso", afirmou Leite, que foi ressarcido e readmitido no plano, por ordem judicial.

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A advogada Renata Vilhena, especialista em saúde, explica que o consumidor não precisa atrasar duas prestações consecutivas. Muitas vezes, a operadora contabiliza os pequenos atrasos. "Acontece muito quando a pessoa muda, viaja. Geralmente o plano é antigo e a empresa usa como desculpa para cancelar. Temos conseguido reverter essas situações na Justiça", afirma. Renata ressalta que a operadora tem que comprovar, com apresentação do aviso de recebimento assinado, que a comunicação do cancelamento foi feita.


A advogada Joana Cruz, do Idec, lembra ainda que o segurado tem de ser notificado até o 50º dia de inadimplência. "As regras valem para planos individuais e entraram em vigor a partir de 1999. O plano antigo pode ter cláusula que garante a suspensão se ocorrer o atraso em um mês. Mas o Idec entende que são cláusulas abusivas", afirma. A advogada orienta o cliente a tentar resolver diretamente com a operadora e guardar o protocolo. Se não conseguir resolver a situação, deve procurar o Procon e entidades de defesa do consumidor.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) diz que o beneficiário do plano deve notificar o órgão da rescisão irregular. A queixa pode ser feita pelo site (www.ans.gov.br) ou pelo telefone (0800 701 9656).


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