Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriu que a cobra-cega (Siphonops annulatus) possui uma função hepática natural que pode trazer avanços para o tratamento ou mesmo para a cura da cirrose, doença que mata, por ano, cerca de 30 mil pessoas no país, segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia.
A cirrose é o avanço de diversas lesões no fígado ocasionadas pelo alcoolismo crônico, por hepatites e por medicamentos, em menor prevalência. Em qualquer um dos casos citados, o órgão tenta se autorreparar produzindo, exageradamente, colágeno de cicatrização, fazendo com que o fígado perca sua função e venha à falência completa.
Os resultados do estudo apontaram que a cobra-cega possui células no fígado capazes de remover e degradar o colágeno. Elas também são capazes que digerir células do sistema relacionadas aos processos inflamatórios e fibróticos.
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De acordo com o autor principal do trabalho, Robson Gutierre, professor colaborador e pesquisador dos departamentos de Morfologia e Neurologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), a tolerância imune pode ser estudada nessa espécie porque elas produzem células pro-inflamatórias nesse fígado durante toda a vida, sem desenvolver inflamações crônicas. Estes animais não possuem medula óssea e produzem células sanguíneas no fígado e no baço.