Os dados epidemiológicos sobre doenças de notificação compulsória, como dengue, ficaram indisponíveis por pelo menos três meses. Pesquisadores que procuraram as informações no site do Ministério da Saúde não tiveram acesso aos números desde novembro - mês em que a pasta declarou situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e determinou a notificação imediata dos casos de microcefalia.
As informações só voltaram a ficar disponíveis na tarde de ontem, depois que o Estado procurou o ministério. A assessoria informou que o sistema estava fora do ar para "atualização de segurança". O cadastro de doenças de notificação compulsória tem informações sobre mortalidade, incidência da doença e cobertura assistencial, que permitem aos pesquisadores avaliar surtos e epidemias. Nenhuma nota técnica foi publicada para explicar o problema.
Pesquisadores da Associação Brasileira de Saúde Coletiva chegaram a cobrar formalmente o ministério, mas não receberam explicação. "Foi a partir desses grandes dados que acendeu a luz amarela para a microcefalia", ressaltou a pesquisadora Ilara Hämmerli, da Escola de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Leia mais:
Estudo mostra correlação entre perda de músculo e maior risco de demência
Novos planos de saúde poderão ser cancelados com duas mensalidades atrasadas
Saúde confirma morte de homem em decorrência da dengue em Cambé
Anvisa aprova registro do primeiro medicamento para distrofia muscular de Duchenne
O epidemiologista Roberto Medronho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explicou que as informações permitem aos pesquisadores acompanharem a evolução de doenças infecciosas no País. "Essa ausência traz dificuldades para desenhar estudos ecológicos, em que se tenta cruzar os dados de doença de notificação compulsória, com dados climáticos, dados de chuva", afirmou. A professora Sandra Maria Gomes, de Saúde Pública da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, tenta obter dados desde novembro. "Tudo sobre aids pode ser consultado, mas de outras doenças, não." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.