Ao comemorar os 60 anos de criação da primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, a Apae, deputados e representantes da entidade defenderam a manutenção das escolas especiais e ressaltaram a necessidade de buscar recursos públicos. Eles lembraram que o novo Plano Nacional de Educação (PNE) prevê a matrícula de pessoas com deficiência também nas escolas regulares, que competem com as especiais na busca de recursos públicos.
A comemoração foi realizada em seminário nesta semana na Câmara dos Deputados. O deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Apaes e da Federação das Apaes de São Paulo, disse que o objetivo inicial da Apae era apenas o acolhimento. Depois, percebendo que as pessoas com deficiência deveriam ter acesso à escolarização, criou-se a escola especial da Apae.
"Hoje, nós temos as escolas especiais, muito bem feitas e mantidas pelas Apaes, com currículos específicos e individualizados para cada aluno. Naturalmente, nós somos totalmente favoráveis à inclusão e temos buscado a inclusão das pessoas nas escolas chamadas regulares da rede pública, só que nós entendemos que a inclusão deve ser feita com qualidade", disse Dr. Ubiali.
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Relação com o governo
Durante o seminário, não faltaram críticas ao governo. O presidente da Federação das Apaes do Espírito Santo (Fenapaes), Washington Luiz, disse que o governo federal se considera o dono da assistência social no País e tende a não ouvir as entidades filantrópicas.
"Nós temos um governo hoje que se sente como se fosse a própria assistência social no País. Isso está errado? Não está errado. Só que a gente sabe que ele não consegue dar conta e, por não conseguir dar conta, não achamos que tenha direito de ignorar um trabalho de uma instituição de 60 anos, que foi pioneira na luta em favor das pessoas com deficiência", disse o presidente da Fenapaes.
A representante da Federação Nacional das Apaes, Rosângela Wolf, afirmou que a entidade está presente em 2.125 municípios e conhece a real necessidade das pessoas com deficiência. "Em cada assunto, em cada mudança, em cada previsão legislativa que diga respeito à pessoa com deficiência intelectual, nós queremos ser ouvidos", afirmou.
A primeira Apae foi criada em 1954, no Rio de Janeiro. Os dirigentes disseram que um dos grandes méritos da entidade foi mudar a forma como as pessoas com deficiência são vistas. Eles deixaram de ser considerados um drama familiar e passaram e ser vistos como pessoas com direito a participar da vida social.