Doenças do pulmão são a causa de uma em cada dez mortes na Europa, segundo um recente estudo europeu. Pesquisadores da European Respiratory Society constataram que a incidência de câncer de pulmão e da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) - mal que destrói os alvéolos pulmonares, incapacitando parcialmente o órgão - deve continuar a crescer nos próximos 20 anos por causa do persistente hábito do fumo entre europeus.
Apesar de ser considerado um problema grave, a pesquisa apontou que a prevenção, o tratamento e o fomento à pesquisa não são prioridade em países europeus. A pesquisa europeia, divulgado na publicação científica European Lung White Book e feita a partir de dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do European Centre for Disease and Control, analisou as tendências da evolução das doenças pulmonares em toda a Europa.
O estudo demonstra que fumantes de tabaco representam "o desafio da saúde mais importante da Europa" e mantém o fumo como o hábito que causa o maior número de mortes por câncer de pulmão, DPOC e insuficiência cardíaca.
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Ainda que o número de fumantes tenha diminuído significativamente em países como a Dinamarca e Grã-Bretanha desde os anos 1970, o estudo mostra que os efeitos de longo prazo daqueles que mantiveram o hábito ao longo dos anos continuam a gerar um alto índice de mortes por câncer de pulmão e DPOC. Com isso, a proporção no número de mortes causado por condições pulmonares deverá permanecer estável pelos próximos 20 anos, ainda que haja uma previsão de queda no índice de infecções do pulmão.
Desde 2000, o serviço nacional de saúde da Grã-Bretanha oferece um serviço gratuito de aconselhamento para pessoas que queiram largar o cigarro. O estudo europeu destaca que iniciativas como essa "resultam num maior número de fumantes engajados em parar de fumar".
Conclusão
Os resultados da pesquisa concluíram que o investimento em prevenção, tratamento e pesquisa de doenças ligadas ao pulmão deve ser priorizado. "Tanto o tratamento quanto a prevenção de doenças pulmonares devem melhorar se quisermos reduzir o impacto (do problema) na longevidade, qualidade de vida e economia dos países Europeus e em todo o mundo", afirma Francesco Blasi, presidente da European Respiratory Society.
Para o professor Richard Hunnard, da British Lung Foundation, o estudo europeu mostra o real problema causado pelas doenças respiratórias da Grã-Bretanha. "Doenças como o câncer de pulmão e DPOC mata milhares de pessoas todos os anos, mas existem ainda outros 40 tipos diferentes de doenças pulmonares. Índices de mortalidade por fibrose pulmonar idiopática (doença em que os alvéolos se transformam num tecido rígido chamado fibrose e param de funcionar) e mesotelioma (câncer considerado raro, que acomete dentre outros órgãos a pleura - a membrana que envolve o pulmão), têm crescido progressivamente por décadas", ressalta Hunnard.
"Se levarmos tudo isso em consideração, é bem provável que cerca de um quarto das mortes na Grã-Bretanha a cada ano sejam causadas por doenças respiratórias - o mesmo número de mortes causadas por todos os outros tipos de câncer que não envolvem o pulmão", explica. Ele ainda disse que os altos índices de morte na Grã-Bretanha associadas ao pulmão sugere que os pacientes estão procurando ajuda médica muito tarde.