Dromedários podem ser os responsáveis por transmitir aos humanos um vírus mortal que surgiu no ano passado, aponta uma nova pesquisa.
Testes indicaram que o vírus Mers (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Coronavírus do Oriente Médio), ou uma cepa muita parecida, tem circulado nesses animais, transformando-os em transmissores em potencial da doença.
O estudo foi publicado na revista científica Lancet Infectious Diseases.
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Os cientistas dizem, por outro lado, que são necessárias mais pesquisas para confirmar as descobertas.
O coronavírus Mers surgiu no Oriente Médio no ano passado. Até agora, foram confirmados 94 casos de infecção e 46 mortes.
Ainda que haja registros de transmissão do vírus entre humanos, na maior parte dos casos a contaminação se dá pelo contato com um animal, acreditam os cientistas. Mas, até agora, os pesquisadores ainda não conseguiram descobrir em qual deles o primeiro foco surgiu.
Experimento
Para conduzir a pesquisa, uma equipe internacional averiguou amostras de sangue de animais voltados para a pecuária, como camelos, ovelhas, cabras e vacas, de diferentes países.
Nas cobaias, eles testaram anticorpos – proteínas produzidas para combater infecções – que podem permanecer no sangue mesmo depois de o vírus ter deixado o organismo hospedeiro.
"Nós descobrimos os anticorpos que acreditamos ser específicos do coronavírus Mers ou de um vírus muito similar nos dromedários", afirmou Marion Koopmans, do Instituto Nacional de Saúde Pública da Holanda.
A equipe descobriu níveis baixos de anticorpos em 15 dos 105 dromedários das Ilhas Canárias e altos níveis em cada um dos 50 dromedários testados em Omã, sugerindo que o vírus circulou nesse país mais recentemente.
Nenhum caso de infecção pelo coronavírus Mers em humanos foi registrado em Omã ou nas Ilhas Canárias.
Os cientistas dizem agora que precisam testar amostras mais amplas para saber se a infecção está presente em mais lugares.
O experimento incluiria análises de dromedários na Arábia Saudita, país que concentra hoje a maior número de casos de infectados.
Prioridade
Segundo Koopmans, "trata-se de um indício, não de uma prova definitiva".
Para o professor Paul Kellam, da Wellcome Trust Sanger Institute em Cambridge e da Universidade College London, a pesquisa ajuda a estreitar a busca pela fonte do vírus.
Mas ele disse à BBC que "a prova definitiva só se dará a partir do isolamento do vírus de um animal infectado ou do sequenciamento do genoma do animal infectado".
Autoridades de saúde dizem que a confirmação de onde o vírus surgiu é uma prioridade.
Estatísticas indicam que o vírus não é contagioso o bastante para representar uma ameaça global e ainda se encontra em um patamar em que sua transmissão pode ser interrompida.