A Santa Casa de Jacarezinho, no Norte Pioneiro, encerrou o atendimento na maternidade para pacientes do SUS na última segunda-feira, 19. O motivo é um impasse entre a instituição e a prefeitura do município sobre os valores dos repasses de custeio. Sem poder contar com a unidade, as gestantes atendidas pela rede pública de saúde precisam se deslocar para outras cidades em busca de atendimento.
A crise entre o Município e a Santa Casa de Jacarezinho já se arrasta há alguns meses. A FOLHA já havia noticiado em março a crise financeira que a Santa Casa vem enfrentando e sobre a possibilidade da população ficar sem atendimentos de baixa e média complexidade.
Em um vídeo postado recentemente pelo prefeito Marcelo Palhares, gravado em frente à instituição hospitalar, ele garante que a prefeitura de Jacarezinho tem cumprido a sua parte.
“Aumentamos a subvenção de R$ 300 mil para R$ 500 mil nesses próximos dois meses. Nós vamos chegar a R$ 5 milhões neste ano, fazendo o maior repasse da história de Jacarezinho”, pontua.
Eliézer de Freitas Ribeiro, atualmente diretor administrativo da Santa Casa de Jacarezinho disse à FOLHA que os repasses realizados pelo município não cobrem o custo operacional do serviço a que ele era contratado. “Nós já estávamos em negociação com o município desde março de 2024. Continuamos atendendo durante esse período até agora, sabendo da dificuldade do município em manter o recurso ou ampliar o repasse”, argumenta.
Ribeiro informa ainda que, passando por dificuldades financeiras, a Santa Casa tem um deficit mensal de aproximadamente R$ 450 mil. E isso, segundo ele, é originado pelo custo operacional do pronto atendimento do município, que representa o maior número de pacientes atendidos. “Gira em torno de 3.200 a 3.400 pacientes por mês”, calcula, ao salientar que esses números se referem apenas aos pacientes de Jacarezinho.
Palhares, porém, alega que essa decisão foi tomada de modo intransigente. “Uma entidade com 95 anos de história, que sempre foi símbolo de nascimento e acolhimento, agora se nega a atender as gestantes da nossa cidade. Isso jamais havia acontecido”, lamentou o prefeito em nota divulgada pelo município. “A Prefeitura está fazendo sua parte. A comunidade de Jacarezinho não merece esse descaso. Vamos agir com responsabilidade e firmeza para reverter essa situação absurda”, completa.
Para Ribeiro, no entanto, não existe impasse entre a instituição e a prefeitura. “Temos um pedido de prorrogação do atendimento do Pronto Atendimento ao qual a Santa Casa é contratada do município de Jacarezinho, e nós vamos dar continuidade. O prazo foi prorrogado por mais 60 dias. E na quarta-feira (21), tivemos uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde para alinhar a continuidade no atendimento. A gente continua atendendo o Pronto Atendimento normalmente, todos os pacientes que procurarem a porta de entrada do hospital serão atendidos”, garante.
SANTO ANTÔNIO DA PLATINA
Com o fechamento da maternidade de Jacarezinho, a demanda pela especialidade médica acabou sendo absorvida pelo Hospital Regional do Norte Pioneiro, em Santo Antônio da Platina. Ribeiro explica que o hospital da cidade vizinha é a unidade referência para risco habitual. “A cidade ainda continua com a maternidade para gestantes de convênios ou particular. Porém, as pacientes que têm pré-natal no SUS, que estão a partir da 27ª semana de gestação, que tiverem com a intercorrência clínica, ou em trabalho de parto, serão encaminhadas para o Hospital Regional do Norte Pioneiro”, detalha.
Procurada para comentar sobre uma possível sobrecarga nos atendimentos, a direção do Hospital Regional do Norte Pioneiro orientou a reportagem a falar com a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). Até o final da tarde, a assessoria de imprensa da pasta ainda não havia retornado.
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