Sabe-se que os chimpanzés são a fonte do vírus HIV-1, principal causa da aids, e suspeitava-se que eles também fossem o reservatório de origem do Plasmodium falciparum, parasita que causa a forma mais severa de malária. Mas um novo estudo indica outro primata: o gorila.
A conclusão está em um artigo publicado como destaque de capa na edição desta quinta-feira, 23, da revista Nature. Weimin Liu, da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, e colegas de diversos países analisaram cerca de 3 mil amostras de fezes colhidas em diversos locais da África Central.
Foram identificadas infecções por plasmódio em gorilas-do-ocidente (Gorilla gorilla) e em chimpanzés (Pan troglodytes), mas não em gorilas-do-oriente (Gorilla beringei) ou em bonobos (Pan paniscus).
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O estudo demonstrou que os parasitas de malária do gorila-do-ocidente, a espécie mais comum do gênero Gorilla, são as que mais se aproximam do parasita que atinge o homem.
Os pesquisadores observaram que infecções por plasmódio em primatas são altamente prevalentes, bastante distribuídas e quase sempre resultado de várias espécies de parasitas.
Análises de mais de 1,1 mil sequências genéticas mitocondriais e nucleares de gorilas e chimpanzés revelaram que 99% estavam agrupadas em seis linhagens específicas de hospedeiros, que representam espécies distintas de Plasmodium dentro do subgênero Laverania.
Os pesquisadores descobriram que uma das linhagens, encontrada em gorilas-do-ocidente, continha parasitas praticamente idênticos ao Plasmodium falciparum. "Os resultados indicam que o P. falciparum tem origem em gorilas, e não em chimpanzés, bonobos ou antigos humanos", afirmam os especialista no artigo (com Agência Fapesp).