Profissionais que atuam expostos a qualquer tipo de ruído estão sujeitos a desenvolver problemas de audição. Operadores de call center, trabalhadores de gráfica, músicos, DJs, operadores de áudio em emissoras de rádio e TV, operários de fábrica, funcionários que atuam em pistas de aeroportos, operadores de britadeiras, entre muitos outros, convivem com ruídos intensos. Muitos já utilizam protetores nos ouvidos, como determina a legislação trabalhista, mas outros parecem que ainda não se deram conta do perigo.
No telemarketing, por exemplo, que emprega centenas de milhares de pessoas, a maioria é jovem. Ao mesmo tempo que gera oportunidades de trabalho, o setor também oferece riscos à saúde de seus trabalhadores, entre eles a perda auditiva, conforme comprovam estudos.
O que mais preocupa os especialistas em relação aos operadores de telemarketing é o uso do fone de ouvido unilateral com volume variando de 60 a 90dB. Esse equipamento pode causar danos irreversíveis à audição se não for usado corretamente. Estudos comprovam que muitos desses trabalhadores desenvolvem primeiro perdas auditivas unilaterais progressivas (em um único ouvido), tornando-se depois bilaterais.
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"O problema é que a lesão auditiva não acontece de um dia para o outro; ela é cumulativa. Para preservar a audição, é preciso estar atento à intensidade do volume do som que entra pelos ouvidos e a duração em que isso acontece. Se houver o uso de fones então, a atenção deve ser redobrada",recomenda a fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas.
A exposição contínua a sons acima de 85 decibéis por mais de oito horas pode levar à perda de audição, ao longo do tempo. Tanto que, para algumas atividades profissionais, a legislação determina uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual). Acima de 120 decibéis (som de uma explosão, por exemplo) o barulho pode ocasionar trauma acústico.
"Nós não imaginamos, mas em um ambiente normal de trabalho, como um escritório, o som pode chegar a até 70, 80 dB. Em muitas atividades, sejam elas de trabalho ou mesmo lazer, há uma grande exposição ao ruído, de forma alternada ou contínua. Com isso, o índice dos que têm Perda Auditiva Induzida Por Ruído (PAIR) está aumentando", explica a fonoaudióloga, que é especialista em audiologia.
Por causa do barulho intenso do trânsito, pessoas que trabalham nas ruas também podem apresentar perda auditiva induzida por ruído. São policiais, ambulantes, motoboys e guardas de trânsito. Trabalhadores de indústrias têm que ser submetidos a exames de audiometria periodicamente e, quando constatadas alterações, deve ser solicitados outros exames. Isso pode ocasionar, no longo prazo, afastamento da função ou remanejamento para outra área. Já os músicos costumam estar expostos a sons de maior intensidade, em shows, gravações ou ensaios, que podem alcançar 130 decibéis, o que pode ocasionar danos auditivos.
Muitas pessoas vêm procurando a Telex Soluções Auditivas devido a problemas decorrentes da profissão que exercem, como relata Isabela Carvalho: "São comuns os casos de pessoas que desencadearam uma perda auditiva por exposição ao ruído intenso ou por trauma acústico. Atualmente, temos recebido em nossas lojas muitas pessoas que trabalham com música e que já têm perda auditiva, e também aquelas que procuram alguma solução para prevenir um possível dano", comenta.
A fonoaudióloga, que é especialista em audiologia, recomenda o uso frequente de protetores auriculares. "Eles reduzem o volume excessivo, mas quem usa não deixa de ouvir o som ambiente", explica. Os protetores da Telex – ou atenuadores, como são chamados – são feitos em acrílico e moldados de acordo com a anatomia do ouvido de cada pessoa. Existem dois tipos: os que diminuem o barulho ambiente em 15 decibéis e os que reduzem o ruído em 25 decibéis. Além desses, os protetores feitos em silicone para impedir a entrada de água nos ouvidos também são usados por muitas pessoas para diminuir o barulho, já que eles também promovem a vedação nos ouvidos.
A realidade é que muitas portas têm se fechado a candidatos considerados inaptos a uma vaga de trabalho em função de alterações na audição. Em nosso país, a legislação exige que o trabalhador seja submetido a exames admissionais e, entre esses exames, os resultados da audiometria tonal liminar acabam sendo usados, ao contrário de seu objetivo, para selecionar o trabalhador no momento da admissão. O resultado é a existência de um contingente de trabalhadores com perdas auditivas, dos mais diversos graus, que encontram dificuldades de reingressar em um novo emprego.
"A perda auditiva causada por ruído é muito mais comum do que se pensa e, nos dias agitados de hoje, tende a aumentar cada vez mais. O que os profissionais de fonoaudiologia e a otorrinolaringologia procuram fazer é informar a população de que a exposição a sons de alta intensidade por um período prolongado, junto com a predisposição, pode levar a uma perda auditiva irreversível. É preciso aprender a se desligar de tudo por alguns minutos, ao longo do dia, e procurar locais de silêncio completo, além de dormir sem interferência de ruídos", conclui a fonoaudióloga da Telex.
Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO), cerca de 15% a 20% da população no país têm zumbido no ouvido, sintoma que indica perda auditiva – e. destes, apenas 15% procuram ajuda médica. A entidade informa ainda que cerca de 30% a 35% das perdas de audição são decorrentes da exposição a sons intensos, sejam eles em ambientes profissional ou de lazer.