O aparecimento exacerbado de ratos silvestres ou do mato, fenômeno conhecido como ratada, deixou os técnicos da Secretaria da Saúde em alerta. O fenômeno está ocorrendo em Campina Grande do Sul e Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. Uma das preocupações dos profissionais da saúde é que os animais podem transmitir hantavirose, uma doença letal.
Em 2010 a Secretaria da Saúde registrou três casos da doença e uma morte. No Paraná, a última ratada foi entre 2004 e 2006, quando foram registrados 68 casos de hantavirose e 21 mortes, nas regiões de Guarapuava, Pato Branco, Cascavel, Irati e União da Vitória.
A ratada deste ano reapareceu em decorrência do fenômeno natural conhecido como "seca da taquara" que varia, dependendo da espécie de bambu, de um ano até cem anos. "Com a oferta de alimento – as sementes de bambu - constatamos o reaparecimento do fenômeno pelo número de ratos silvestres que são vistos durante o dia, próximos das residências e nos galpões de armazenamento de grãos", explica a bióloga e técnica da divisão de Zoonoses da Secretaria da Saúde, Gisélia Rubio.
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A ratada é um fenômeno sazonal que pode durar até dois anos, dependendo da oferta de alimento. A população de ratos irá entrar em declínio quando faltar alimento, tendendo ao canibalismo. "O rato silvestre tem hábito noturno e só aparece durante o dia quando há escassez de alimento ou superpopulação", enfatiza a bióloga.
De acordo com ela, o agravante é o rato silvestre ser o transmissor da hantavirose. Ela pode ser contraída pelo contato com as fezes, urina e saliva de ratos, principalmente em locais fechados. Neste caso o vírus se espalha no ar desses ambientes, entrando no corpo humano pela respiração. Mas a doença também pode ser transmitida pela mordida do rato. No início, os sintomas da hantavirose são parecidos com os da gripe. Febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, tosse seca e falta de ar. Também podem ocorrer náuseas, vômitos e diarreia.
Agricultores, pescadores, trabalhadores de áreas de reflorestamento estão mais suscetíveis à doença. No entanto, quem for varrer e/ou dormir em locais fechados há muito tempo, como galpões, paiois, armazéns, casas rurais, casas de campo, deve redobrar os cuidados como: ventilar o ambiente, abrindo as janelas e portas meia hora antes de começar a limpeza, e molhar o chão com água misturada com água sanitária, para não levantar a poeira.
Perigo
Na tentativa de eliminar os invasores, os agricultores acabam usando raticidas que são prejudiciais à saúde. O ideal é esgotar as alternativas mecânicas. "Este tipo de roedor é considerado animal silvestre e por isso as medidas de controle devem ser repassadas pelo Ibama. O controle químico só é indicado em situações de risco eminente e depois de esgotadas todas as alternativas mecânicas de controle", reforça a técnica.
Se o controle químico for utilizado de forma errada ou insuficiente pode, além de não matar os roedores, expor as pessoas, principalmente crianças, e animais domésticos ao risco de contaminação acidental de raticidas. Outro risco é o da contaminação dos mananciais, podendo causar intoxicação grave pelo consumo de água, e levar à morte.
Outra atitude perigosa é a queima dos taquarais na tentativa de solucionar o problema. A medida pode provocar um grande incêndio e é ineficaz, pois os ratos fugiriam do fogo e não seriam exterminados. (Fonte: AEN)