A campanha "abril marrom", de combate à cegueira, passa por um obstáculo: o "teste do reflexo vermelho", popularmente conhecido como "teste do olhinho", só é obrigatório em 16 dos 26 estados brasileiros. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, o exame deve ser feito logo após o parto para checar a presença de catarata, glaucoma, retinoblastoma (tumor no olho) ou a retinopatia da prematuridade em bebês prematuros. "Todas estas doenças são congênitas, ou seja, se manifestam desde o nascimento e respondem por 70% dos casos de perda da visão na infância", afirma. Por isso, o teste do olhinho é uma importante ferramenta de prevenção da cegueira infantil.
O exame consiste em direcionar para a menina do olho do bebê um oftalmoscópio, equipamento semelhante a uma lanterna com lente refletora. Quando o reflexo é vermelho e contínuo indica que todas as estruturas oculares estão íntegras. "Se o reflexo for esbranquiçado ou descontínuo sinaliza que a criança deve ser encaminhada a um oftalmologista para que possa receber o tratamento correto", ressalta.
Queiroz Neto afirma que o teste do olhinho tem baixo custo, mas diversos projetos de lei com a proposta de estender a obrigatoriedade do exame a todo o território nacional vêm encontrando dificuldade de aprovação no congresso nacional.
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Como fotografar o bebê
O especialista explica que para as famílias sem plano de saúde ou que moram em estados onde o exame não é obrigatório, os pais podem fotografar o olho do recém-nascido com o celular e encaminhar a um especialista do serviço oftalmológico mais próximo credenciados ao SUS (Sistema Único de Saúde). "Enquanto a mãe segura a cabeça do bebê e abre as pálpebras de um olho, depois do outro, a foto pode ser tirada com flash em um quarto escurecido, posicionando o celular a uma distância de 30 centímetros do olho. Se o reflexo da foto não for avermelhado ou apresentar algum desvio a criança deve ser levada o quanto antes para consulta oftalmológica", explica Queiroz Neto.
Catarata
O oftalmologista afirma que a maior causa de perda da visão na infância é a catarata, opacificação do cristalino que precisa ser operada o quanto antes, principalmente quando atinge os dois olhos simultaneamente. "Nem sempre a catarata congênita afeta os dois olhos. Já fiz várias cirurgias em crianças que tiveram apenas um olho afetado. A doença, ressalta geralmente está relacionada a doenças infecciosas como toxoplasmose, rubéola ou outras contraídas pela mãe na gestação", diz Queiroz Neto.
Glaucoma infantil
O glaucoma na infância tem as mesmas características da doença entre adultos – aumento da pressão interna do olho e lesões no nervo óptico. O oftalmologista afirma que a maior diferença é a necessidade de operar praticamente todos os casos na infância. As causas podem ser hereditariedade e também infecções durante a gravidez.
Retinopatia da prematuridade
"A doença está em ascensão na infância por causa das gestações precoces entre adolescentes. A retinopatia atinge 30% dos bebês prematuros, é caracterizada pelo crescimento de vasos na retina que podem provocar seu deslocamento, é mais prevalente entre os nascidos com menos 1.500 gramas ou antes da 32ª semana de gestação. O tratamento é feito com aplicação de laser de argônio ou diodo que coagula os vasos sob anistia local". afirma. As principais recomendações de Queiroz Neto durante a gestação para evitar as doenças congênitas no bebê são: lavar bem verduras, frutas e legumes, manter as mãos limpas, conferir a carteira de vacinas, especialmente se tomou a segunda dose da vacina de rubéola antes de engravidar e evitar as aglomerações.