A busca por regimes milagrosos cresceu na mesma proporção que o excesso de peso na população e ambos são ocasionados por uma mudança nos hábitos alimentares. Mas é preciso ter cuidado com o ciclo vicioso entre ganhar peso e fazer dieta, como alerta o médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Dr. Durval Ribas Filho.
"Quando alguém inicia alguma forma de restrição alimentar e não perde peso com a rapidez imaginada, entra em uma fase de frustração. O desejo do alimento ‘proibido’ aflora, a pessoa come mais, exagera e se sente culpada. Com isso, fica insatisfeita com o seu corpo e entra no ciclo de uma nova dieta ou restrição alimentar", explica o médico.
Por isso, o correto é buscar orientação médica antes de seguir qualquer dieta alimentar. Com o intuito de orientar seus pacientes, três médicas nutrólogas da Abran analisaram algumas dietas da moda e seus impactos na vida de pacientes.
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Dieta SIRT
De acordo com a Dra. Isolda Prado, essa é a dieta "para quem quer emagrecer e ficar jovem". Ela inclui alguns alimentos específicos, ricos em polifenóis, como uvas, trigo sarraceno, café e chá verde, por exemplo, que, quando associados a um planejamento alimentar hipocalórico, ativam enzimas sirtuínas, que são responsáveis pela longevidade celular e pelo aumento do metabolismo corporal. "A dieta é indicada a quem deseja incluir grande parte destes alimentos no dia-a-dia e fazer uma redução na ingestão calórica para o emagrecimento", diz.
Baseado em estudos, ficou comprovado que o jejum e as dietas hipocalóricas liberam as sirtuínas, que favorecem o antienvelhecimento, e fazem com que se perca peso rapidamente, além de melhorar a qualidade da pele. Contudo, polifenóis como o resveratrol, presente no vinho tinto, também promovem a liberação das sirtuínas.
"É importante ressaltar que, apesar de inserir os mesmos alimentos, a dieta se comporta de forma diferente em cada indivíduo e, por mais que a pessoa perca peso, ela não promove uma reeducação alimentar, fundamental em longo prazo", afirma a médica nutróloga.
Dieta Low Carb
A Dra. Simone Miranda comenta que a premissa da Low Carb é reduzir a ingestão de carboidratos, o que diminui a insulinemia (necessidade de insulina) e consequentemente a fome. Existem várias versões dessa dieta, mas a mais famosa é a dieta de Atkins – na qual existe um elevado consumo de alimentos proteicos.
Ela é indicada para emagrecimento, controle de crises refratárias de epilepsia (cetogênica) e melhora do perfil de resistência insulínica (diabetes tipo 2, pré-diabetes, síndrome metabólica). Uma pesquisa publicada na revista acadêmica Nutrients, da Suíça, em agosto de 2017, analisou mais de 20 dietas da moda e comprovou que a de Atkins foi a melhor para perda de peso em curto prazo (6 meses) e em longo prazo (12 meses). No mais, deve ser evitada por quem tem diabetes tipo 1; hipoglicemia; mulheres grávidas; e pessoas com compulsão alimentar.
Mindfulness Eating
"Temos que entender que mindfulness não é dieta ou restrição alimentar, mas sim um programa", diz a médica nutróloga Dra. Nádia Juliana Beraldo Goulart Borges. Segundo ela, foca na atenção plena no momento presente, de maneira intencional e sem julgamento – a pessoa precisa fazer uma autoanalise, quais são os sentimentos no momento, os fatores externos no momento da alimentação (barulho, pessoas etc) e com quem está fazendo a refeição. É uma abordagem relativamente recente, por isso, não possui contraindicações evidentes.
Dra. Nádia recomenda que se coma sem pressa, beba muita água, faça exercícios e, acima de tudo, respeite seu corpo. "Sinta o gosto da comida. Cozinhe e coma de bom humor. No mais, é importante fazer as refeições na mesa e sem distrações como assistir televisão. Se preferir, combine o momento de alimentação com músicas calmas e relaxantes", indica.
Existem alguns princípios básicos no mindful eating:
1 – Permitir a si mesmo estar consciente das oportunidades através da seleção e preparação dos alimentos;
2 – Usar todos os sentidos na escolha do que comer para que seja gratificante e nutritivo para o seu corpo;
3 – Reconhecer respostas dos alimentos sem julgamento;
4 – Se tornar consciente de sua fome e sua saciedade para guiar as decisões de comer e parar;
5 – Fazer as refeições com calma para que o ato de comer não seja automatizado e guiado por influência ambiental.