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No Hospital do Coração

Homem tem mão reimplantada em Londrina após grave acidente na BR-369

Guilherme Batista - Redação Bonde
30 dez 2015 às 09:15

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Paciente se recupera no Hospital do Coração e deve receber alta em breve - Gina Mardones/Equipe Folha
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A expressão "Ano Novo, vida nova" terá um significado especial para o corretor de imóveis Luiz Eduardo Viezzi, de 30 anos. Ele sobreviveu a um grave acidente de carro, teve a mão esquerda reimplantada após ter sido arrancada com a violência da batida e 12 dias depois já consegue mexer, mesmo que de leve, o dedão.

Internado no Hospital do Coração de Londrina, ele deve receber alta amanhã e já faz planos para 2016. "Vou me dedicar a recuperar os movimentos da mão. Vou me esforçar para voltar todos os movimentos", disse o corretor. A recuperação será lenta e o corretor deve ficar com sequelas.

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A equipe de ortopedia do Hospital do Coração considera a cirurgia um sucesso pelo alto nível de complexidade do caso. A mão esquerda foi arrancada o que comprometeu as estruturas musculares e nervosas, tornando o procedimento de reimplante ainda mais complicado. O cirurgião traumatologista Alexandre Yoiti Aoyagui, que comandou a equipe cirúrgica, explicou que o primeiro passo foi estabelecer o fluxo sanguíneo. Para isso, os médicos retiraram duas veias safenas das pernas do corretor e fizeram quatro pontes de safenas.

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Depois foram reconstruídos os nervos e tendões. Os médicos utilizaram microscópio e equipamentos especiais para pinçar os vasos sanguíneos. "É uma cirurgia detalhada e específica e quando envolve implantação de veia de safena aumenta a complexidade", explicou Aoyagui. A cirurgia durou em torno de 11 horas.

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Viezzi precisou de uma segunda cirurgia, realizada cinco dias depois, para colocação de um enxerto de pele. "A mão perdeu uma grande porção de pele, que deixou expostas veias importantes e que precisavam de uma cobertura", explicou o cirurgião. A pele foi retirada da coxa direita do paciente. Para este segundo procedimento foram mais sete horas de cirurgia.


Mas para ter a sua mão de volta, Viezzi contou com uma série de fatores que "conspiraram" a seu favor, como o atendimento rápido, não ter sofrido nenhuma outra lesão e a equipe médica conseguir chegar a tempo para realizar a cirurgia.

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Aoyagui estava em São Paulo naquele dia. Ele trabalha no Hospital do Coração de segunda a quarta-feira e o acidente ocorreu em uma quinta-feira. "Consegui comprar uma passagem aérea assim que me avisaram", contou o médico. O acidente ocorreu por volta das 6 horas da manhã e às 15 horas Viezzi estava na sala de cirurgia. Também participaram do procedimento o microcirurgião Celso Hillackawa e o cirurgião plástico João Pedro Billo.


De acordo com Aoyagui, a avaliação médica é de que o corretor tem 90% de chances de não ter rejeição do membro. No entanto, tem um longo caminho pela frente. Ele teve fratura do punho e vai precisar aguardar a consolidação do osso para iniciar a fisioterapia. Uma terceira cirurgia não está descartada.

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"Ele vai sentir muita dor no futuro. A musculatura deve ter uma recuperação melhor. Ele vai conseguir dobrar e esticar os dedos, mas sensibilidade e os movimentos finos ficarão restritos", explicou o médico. A estimativa é que ele recupere em torno de 80% dos movimentos da mão.
Em acidentes com amputação, os médicos orientam que o membro deve ser acondicionado em um saco plástico com soro fisiológico e colocado em um recipiente com gelo. O membro nunca deve ser colocado diretamente no gelo, pois isso queima os vasos sanguíneos e compromete a recuperação. O reimplante pode ser feito até 36 horas após a amputação.


O ACIDENTE -Os planos de Luiz Eduardo Viezzi e dois amigos de passar alguns dias na praia de Caiobá foram interrompidos no início da manhã do dia 17 de dezembro, quando a caminhonete em que eles estavam bateu em um caminhão, no trevo de acesso à Bratislava, na BR-369, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina). Viezzi conta que eles estavam indo abastecer o veículo antes de pegar a estrada. "Eu estava distraído e quando vi tínhamos batido no caminhão. Na hora, a minha preocupação foi em ver como estavam os meus amigos. Só depois percebi que tinha perdido a mão. Saí do carro, tirei a camiseta e usei para estancar o sangue. Sentei no meio-fio e vi a mão no chão atrás da caminhonete", contou.


O socorro chegou rápido. "Não vi quem pegou a minha mão", disse. Quando chegou ao Hospital do Coração, a equipe de plantão do pronto-socorro colocou o membro no soro fisiológico e acondicionou em um recipiente com gelo para preservá-lo até a cirurgia.

"Bateu um desespero quando vi que tinha perdido a mão. Agora, o sentimento é diferente. Tento levar tudo na brincadeira dizendo que agora não posso mais participar da Paralimpíada", disse brincando. "Você vê um membro longe de você e de repente ele está ali de volta. É um milagre", disse, mexendo o dedão. "Já estava crente que ia viver sem a mão. Agora vou me dedicar para recuperar os movimentos. Acho que vai dar tudo certo. Os médicos fizeram um milagre", comemorou. Os amigos de Viezzi tiveram ferimentos leves. O motorista do caminhão saiu ileso.


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