Uma pesquisa realizada em Israel constatou que pessoas que inalaram o 'hormônio do amor' tiveram mais propensão a mentir.
O hormônio, chamado oxitocina (ou ocitocina), é liberado quando há laços estreitos e afetivos entre pessoas, além de no parto e também na amamentação.
A pesquisa registrou que as pessoas tendem a mentir mais quando a mentira beneficia o grupo, do que quando beneficia apenas o indivíduo que mente.
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O estudo foi realizado pela Universidade Ben-Gurion do Negev e publicado na revista especializada PNAS.
Spray
A pesquisa dividiu os voluntários em dois grupos. O primeiro inalou a oxitocina e recebeu uma tarefa que envolvia recompensas em dinheiro. Em comparação ao segundo grupo - que não recebeu o spray do hormônio -, o primeiro mentiu mais. O segundo grupo mentiu ocasionalmente.
Na experiência, ambos os grupos participaram de um jogo eletrônico de cara ou coroa, no qual teriam que prever se sairia um ou outro. Quem acertasse, receberia a recompensa financeira.
Em grupo, cada previsão correta resultava em dinheiro para o grupo todo. Participantes avulsos recebiam recompensas semelhantes quando acertavam o resultado.
O destaque da experiência foi que as pessoas mentiram até sobre o verdadeiro resultado do jogo, já que a pessoa que o conduzia não tinha acesso aos resultados.
O questionamento do líder do estudo, Shaul Shalvi, foi acerca de até onde as pessoas vão para beneficiar um grupo, mesmo tendo que desrespeitar regras éticas. "Nosso pressuposto é que nossos resultados apoiam a abordagem funcional à moralidade, quando você decide o que é certo ou errado dependendo do contexto, se o ato serve aos seus entes queridos, aos membros do grupo", pontuou.
'Hormônio do amor'?
O hormônio já é comercializado na forma de spray, mas Shalvi alerta, "[as pessoas] precisam ter mais cuidado ao tomar este caminho", uma vez que o estudo demonstrou que a oxitocina pode tornar o ser humano mais desonesto.
Entretanto, ele ainda ressalta que os resultados mostraram que mentir nem sempre é imoral. "Nossos resultados indicam que as pessoas acreditam que é uma ação justificada distorcer as regras da ética quando a desonestidade serve às pessoas com quem elas se importam", afirmou à BBC.
Segundo Thomas Baumgartner, da Universidade de Basel, na Suíça, a pesquisa é importante em nível social. "O estudo é interessante, foi bem conduzido e dá mais provas a respeito do papel complexo que a oxitocina pode ter para regular o comportamento social e a tomada de decisões", completou.
(Com informações da BBC Brasil)