O Hospital Veterinário da UniFil integra uma pesquisa inédita de tratamento com células tronco para reabilitação de sequelas neurológicas em cavalos. Dois animais receberam a segunda aplicação de células, na semana passada, em mais um procedimento do trabalho de doutorado da veterinária Danielle Jaqueta Barberini, desenvolvido na Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu (SP).
As sequelas nos cavalos foram provocadas por encefalomielite protozoário equina (EPM), transmitidas por fezes de gambá. "É uma doença que atinge o sistema nervoso, nas áreas do encéfalo e da medula. Os dois animais receberam tratamento no Hospital Veterinário e depois apresentaram as sequelas, que são comuns. O quadro clínico deles se encaixou no estudo da
pesquisadora", relata a professora Mariana Cosenza, coordenadora do HV da UniFil.
A pesquisa estabeleceu três aplicações de células tronco, em novembro, dezembro e janeiro. "Da primeira para a segunda já foi possível perceber melhora na movimentação e comportamento dos cavalos", diz a veterinária Danielle Barberini. Ela fez uma série de exercícios de locomoção com os animais. "Antes da primeira aplicação, os animais tinham mais dificuldades
para executar determinados movimentos. Dá para perceber a evolução. Vamos fazer nova avaliação no mês que vem, para ver o resultado do segundo procedimento", explica.
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O objetivo é verificar a capacidade de regeneração das células afetadas pela doença EPM e o grau de reabilitação dos cavalos. "Em cada aplicação são injetadas 50 milhões de células troncos. Fazemos também exames de sangue e do liquor coletado da medula, para análise em laboratório da evolução clínica", informa. Os exames são realizados no HV da UniFil e o material injetado vem do banco de células tronco da Unesp.
A professora Mariana Cosenza destaca a importância de participar da pesquisa. "A Unesp de Botucatu é um centro de referência nacional na área de equinos. A parceria valoriza e coloca em evidência o Hospital Veterinário da UniFil. Além disso, possibilita aos alunos e professores de
Medicina Veterinária o acompanhamento de um trabalho científico que pode trazer novas perspectivas no tratamento da doença EPM, bastante frequente entre equinos", salienta.
No Paraná, o HV da UniFil é o único a integrar o estudo da pesquisadora Danielle Barberini. Outros seis cavalos também são submetidos ao mesmo tratamento no estado de São Paulo. "Esperamos ter bons resultados ao final de pesquisa", afirma a veterinária. O uso de células tronco em equinos já é um método utilizado comercialmente, em outros tipos de doenças.
A pesquisa é financiada pela Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.