A demora na nomeação de funcionários para o Hospital Universitário (HU) de Londrina preocupa os aprovados nos concursos públicos e também os servidores que atuam na instituição, já que eles têm sofrido com a sobrecarga de trabalho. A nomeação de 94 agentes para o hospital foi anunciada no dia 19 do mês passado pelo governo do Estado. A medida foi tomada na tentativa de amenizar a situação na instituição, que está com o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) fechado e com restrição no atendimento do Pronto-Socorro desde o dia 18 de abril, justamente por falta de pessoal. Na época do anúncio a expectativa era que as nomeações ocorressem em dez dias e que no máximo em 60 dias os servidores tomassem posse.
Um dos candidatos aprovados em 2014, que preferiu não se identificar, entrou em contato com a Folha para reclamar da situação. Ele destaca que é de outra cidade e se mudou para Londrina logo depois de ter sido aprovado no concurso, imaginando que a nomeação seria realizada em pouco tempo. "Me chamaram, eu fiz os exames e pensei que iria tomar posse logo. Me mudei para cá e estou esperando desde então, mas até agora nada aconteceu", reclamou.
Ele apontou que colegas que passaram em outros concursos já tomaram posse e a situação dele continua indefinida. "Eu poderia ter investido na carreira em outro lugar e estou frustrado por ter feito essa escolha e ter deixado outras oportunidades de lado. Eu acho um absurdo não só como futuro funcionário, mas como cidadão, já que o HU é um patrimônio da cidade e a conjuntura da saúde em Londrina está um caos."
O presidente da Assuel Sindicato, Marcelo Seabra, vê a demora da nomeação com apreensão, afirmando que o governo do Estado possui um retrospecto de não cumprir acordos. Ele afirmou que os funcionários têm cumprido carga horária de trabalho de 12 horas, contra as seis horas recomendáveis para a categoria. "Os funcionários não podem deixar de prestar assistência, mas o número de pessoas disponíveis é insuficiente. Há muita sobrecarga e a situação é muito delicada", apontou.
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A superintendente do Hospital Universitário, Elizabeth Ursi, disse, por meio de sua assessoria, que o governo ainda está no prazo inicialmente determinado para a contratação dos servidores. Ela disse esperar que até sexta-feira todos os servidores estejam nomeados. Eles têm prazo de 30 dias após a nomeação para tomarem posse, prorrogável por mais 30 dias.
"Acreditamos que no máximo em 60 dias todos já tomaram posse", disse a reitora da UEL, Berenice Jordão, na época. Com os novos servidores em atividade e com a liberação gradual dos leitos ainda ocupados, será possível reabrir o Centro de Tratamento de Queimados. A unidade, que possui 16 leitos, é o único do interior do Estado. Já o PS está atendendo apenas casos encaminhados pelo Samu e Siate.
EMPENHO
A Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) se limitou a dizer, por meio de assessoria, que "está trabalhando com empenho para que as nomeações dos agentes universitários, aprovados em concursos públicos para atuar nos Hospitais Universitários, ocorram o mais breve possível". Segundo comunicado da Seti, "os processos tiveram que ser ajustados tecnicamente, agrupando os 94 profissionais aprovados e classificados dentro das vagas disponíveis, para que as nomeações aconteçam." O governo autorizou a nomeação de médicos intensivistas e ortopedistas, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, técnicos de laboratório e de manutenção e motorista.
Além de Londrina, também foi anunciada a nomeação de 138 agentes para o HU de Maringá (Noroeste) e 23 para o HU da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).