Somente um quarto da população brasileira que trabalha com carteira assinada pratica atividade física. A constatação é do recorte "Indicadores de Saúde e Mercado de Trabalho" da mais recente Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), divulgado nesta quinta-feira (30) pelo IBGE e Ministério da Saúde, parceiros no estudo.
São 25,2% dos trabalhadores brasileiros - considerando somente o mercado formal -, a parcela que pratica o nível recomendado de exercícios físicos, que é de, pelo menos, 150 minutos semanais de intensidade leve ou moderada ou de, pelo menos, 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa. Isso significa que uma parcela majoritária – 74,8% -, não se exercita em ritmo satisfatório.
"A atividade física tem reflexos importantes para a saúde", frisa a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde (CGDANT), Fátima Marinho. "Ela melhora a capacidade cardiovascular, reduz a pressão arterial e o diabetes. Temos sempre que lembrar que as doenças cardiovasculares são a primeira causa de mortalidade no Brasil, e uma das principais causas de internações hospitalares", acrescentou.
Leia mais:
Estudo mostra correlação entre perda de músculo e maior risco de demência
Novos planos de saúde poderão ser cancelados com duas mensalidades atrasadas
Saúde confirma morte de homem em decorrência da dengue em Cambé
Anvisa aprova registro do primeiro medicamento para distrofia muscular de Duchenne
Ainda no aspecto "estilo de vida", a pesquisa constatou que 15,2% da população do mercado formal de trabalho fumam e 30% consomem bebida alcoólica uma ou mais vezes por semana – proporção de consumo de álcool maior que a média nacional se considerados todos os brasileiros com mais de 18 anos, que é de 24%, segundo a PNS. No quesito doenças crônicas, o estudo detectou que 6,2% dos trabalhadores com carteira assinada sofrem de depressão, enquanto entre os desempregados essa proporção é de 7,5%.
ACIDENTES DE TRABALHO – O recorte "Indicadores de Saúde e Mercado de Trabalho" da PNS 2013 também constatou que 3,4% dos empregados com carteira assinada no Brasil sofreram acidente de trabalho nos 12 meses anteriores à data da entrevista, sendo que a proporção é maior entre os homens (5,1%) que entre as mulheres (1,9%). Devido ao acidente, 32,9% dessas pessoas deixaram de realizar suas atividades habituais, e 12,4% ficaram com sequela ou incapacidade decorrente do acidente.
NECESSIDADES ESPECIAIS – De acordo com o estudo, 7,2% da população brasileira com mais de 14 anos têm algum tipo de necessidade especial – intelectual, física, auditiva ou visual. No mercado de trabalho formal, 0,8% dos trabalhadores são pessoas com incapacidades físicas, 0,6% têm deficiências auditivas e 3,1%, visuais.
PLANO DE SAÚDE – A PNS 2013 constatou que 28,9% da população com mais de 14 anos têm plano de Saúde; no mercado de trabalho formal, esta proporção é de 32,5%. Entre os titulares de planos de Saúde, 67,2% são empregados com carteira assinada – destes, 41,2% têm seus planos pagos por meio do trabalho atual ou anterior.
DOENÇAS CRÔNICAS – O sedentarismo, ao lado da obesidade e da má alimentação, é fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas. Um dos objetivos do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), lançado em 2011 pelo Ministério da Saúde, é deter o crescimento da proporção de adultos brasileiros com excesso de peso ou com obesidade: segundo a Pesquisa Nacional De Saúde de 2013, a prevalência de obesidade entre os homens é de 16,8% - chegando a 23% nos homens entre 55 e 64 anos -, e a de excesso de peso (sobrepeso e obesidade) é de 55,6%, chegando a 64,5% nos homens entre 55 e 64 anos.
Em março, o Ministério da Saúde criou a Linha de Cuidados da Atenção Básica para excesso de peso e outros fatores de risco associados ao sobrepeso e à obesidade até o atendimento em serviços especializados. A Atenção Básica proporciona diferentes tipos de tratamentos e acompanhamentos ao usuário, o que inclui também atendimento psicológico.
A pessoa com sobrepeso (IMC igual ou superior a 25) poderá ser encaminhada a um polo da Academia da Saúde para realização de atividades físicas e a um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) para receber orientações para uma alimentação saudável e balanceada. Atualmente, 77% dos 2.040 NASFs contam com nutricionistas; 88,6% com psicólogos e 50,4% com professores de educação física. A evolução do tratamento deve ser acompanhada por uma das 39,2 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS), presentes em todos os municípios brasileiros.
O Programa Academia da Saúde é a principal estratégia para induzir o aumento da prática da atividade física na população. Até agora, já foram repassados R$ 175 milhões, de um total de investimento previsto de R$ 390 milhões. A iniciativa prevê a implantação de polos com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para a orientação de práticas corporais, atividades físicas e lazer. Atualmente, há mais de 2,8 mil polos habilitados para construção em todo o país e outros 155 projetos pré-existentes que foram adaptados e custeados pelo Ministério da Saúde.