Médicos paulistas de 53 especialidades decidiram nesta quinta-feira (30), em assembleia, suspender temporariamente o atendimento a usuários de dez operadoras de planos de saúde que se recusaram a negociar o reajuste dos valores pagos por consulta. O cronograma da paralisação deve ser divulgado dentro de 20 ou 30 dias.
"Cada especialidade vai parar por 72 horas de forma alternada. A ideia é manter a pressão sobre as empresas sem prejudicar os usuários", diz Florisval Meinão, da Associação Médica Brasileira.
Serão atingidos usuários da Gama Saúde, Porto Seguro, Intermédica, Greenline, Notredame, Abet (funcionários das empresas de telecomunicações) e também os funcionários da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e Embratel.
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Pesquisa divulgada ontem pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revela a insatisfação dos médicos paulistas. Dos 58 mil que atendem planos, 74% consideram ruim ou péssima a relação com as operadoras. Em 2007, o índice era de 43%.
Ao avaliar sua relação com o Sistema Único de Saúde (SUS), 59% se disseram insatisfeitos. Foram ouvidos 649 médicos pelo Instituto Datafolha.
Segundo o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, o relacionamento com as operadoras piorou muito nos últimos dez anos, principalmente pela falta de reajuste nos honorários.
A FenaSaúde, entidade que congrega as 15 maiores operadoras, diz que vem participando dos debates sobre honorários liderados pela ANS.
A medida também foi tomada esta semana por médicos do Paraná. Uma assembleia realizada na Associação Médica do Paraná, na noite de terça-feira (28), em Curitiba, deliberou pelo descredenciamento em massa de médicos dos planos de saúde.