Diagnosticado com câncer, o garoto David Sabach, de 12 anos, está sendo tratado com um tipo especial de maconha medicinal desenvolvida por cientistas israelenses que ficou conhecida como "maconha sem barato".
Em sua casa, em Israel, David guarda fotografias que são um registro dramático de seu estado há dois anos. Na época, por causa da quimioterapia, ele perdeu todo o cabelo e seu peso chegou a metade do que é hoje. "Eu costumava tomar morfina para a dor, mas o efeito não durava mais que alguns minutos", conta o menino.
Hoje, David recebe doses da maconha especial, adicionada a chocolates, biscoitos e bolos. "O efeito da cannabis dura todo o dia. Sinto-me muito melhor. Finalmente, posso andar sem chorar por causa da dor nas pernas", diz.
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A maconha medicinal tem sido usada em Israel desde os anos 90 para o tratamento de uma série de doenças, entre elas câncer, Mal de Parkinson, esclerose múltipla e síndrome de Tourette.
Recentemente, porém, cientistas ligados a empresa Tikkun Olam desenvolveram um tipo especial dessa maconha neutralizando a substância THC (tetrahidrocanabinol), que gera os efeitos cognitivos e psicológicos da droga.
Além disso, a nova variedade da planta tem uma concentração mais elevada da substância canabidiol (CBD), um poderoso anti-inflamatório.
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O resultado é uma maconha com as mesmas propriedades medicinais da cannabis tradicional, mas sem o "barato" que faz com que muitos se oponham ao uso medicinal da planta.
"O canabidiol não se fixa às células do cérebro, então, após ingerir essa substância, o paciente não tem nenhum efeito colateral indesejado", diz Ruth Gallily, professora de imunologia na Universidade Hebraica de Jerusalém, que estuda os efeitos medicinais da cannabis há 15 anos. "Os pacientes não têm 'barato' e não ficam confusos. Podem dirigir, trabalhar e fazer suas tarefas do dia a dia."
A cannabis é considerada uma droga ilegal em Israel, mas a Tikkun Olam obteve uma licença especial do Ministério da Saúde para desenvolver a maconha medicinal e cultiva diversas variedades da planta em estufas na Galileia, no norte de Israel.
De acordo com Zachi Klein, diretor de pesquisa da empresa, mais de 8.000 doentes em Israel já são tratados com cannabis, recebendo a substância após mostrarem receitas médicas autorizadas pelo Ministério da Saúde.
Klein explica que pelo menos três categorias de pacientes devem se beneficiar da nova variedade de maconha medicinal.
Primeiro, as pessoas que precisam continuar a trabalhar durante o tratamento. Segundo, os idosos, porque eles seriam muito sensíveis ao THC. Por fim, crianças como David.
Críticas
Para alguns críticos da nova "maconha sem barato", porém, é a combinação do THC com o CBD que trás mais benefícios para os pacientes.
Um paciente de câncer de 52 anos que pediu para não ser identificado, por exemplo, explicou à BBC por que acredita que a maconha tradicional é a ideal para o seu tratamento. "(A cannabis tradicional) não só ajuda a aplacar a dor mas também contribui para que tenhamos mais vontade de comer", disse o paciente, que teve um tumor no estômago removido há cinco meses e combina o uso de maconha com quimioterapia.
"O corpo não pode lutar sem combustível e um dos efeitos maravilhosos da maconha é que ela causa o que é conhecido como "larica" (fome), que para quem faz quimioterapia é uma benção."