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Trocando a incubadora

Método canguru é alternativa no tratamento de prematuros

BBC Brasil
19 set 2012 às 18:18

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Todos os anos, cerca de 20 milhões de crianças nascem no mundo com peso mais baixo do que o normal, seja devido a partos prematuros ou problemas durante a gestação.

Entre essas, ao menos 500 mil morrem anualmente, principalmente nos países mais pobres; e, para muitos outros bebês, ter nascido de forma prematura implicará em um alto risco de sofrer complicações e problemas crônicos ao longo da vida, tanto físicos quanto mentais.

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Em muitos países, o cuidado tradicional aos bebês prematuros envolve atendê-los em uma unidade de cuidados intensivos, onde ficam isolados e protegidos em incubadoras ou berços especiais.

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Mas cada vez mais cresce a defesa de uma outra forma de acolher as crianças: o jeito "canguru".

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No início da década de 1980, o médico Edgar Rey Sanabria, professor de neonatologia e pediatria do Instituto Materno Infantil de Bogotá (Colômbia), estava alarmado com a taxa de mortalidade de bebês prematuros em seu hospital.


Por isso, decidiu introduzir um novo método para enfrentar a falta de incubadoras e de atenção especializada para esses bebês: ele sugeriu que as mães tivessem um contato contínuo pele-a-pele com seus bebês prematuros ou de baixo peso, para mantê-los quentes e para facilitar a amamentação.

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Se um recém-nascido precisasse de oxigênio, seria administrado com uma pequena máscara enquanto estivesse dormindo sobre o peito de sua mãe, e não isolado em uma área de cuidados intensivos.


"Rey Sanabria idealizou o método que viria a se chamar 'Método Mãe Canguru (MMC)'", diz Natalie Charpak, diretora da Fundação Canguru, na Colômbia. Ela coordena um estudo sobre o impacto físico e mental a longo prazo do MMC, cujos resultados devem ser publicados em outubro.

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"Um dos riscos do bebê prematuro é que ele ainda não conseguiu desenvolver um sistema de regulação térmica. O pediatra mostrou que, com esse contato permanente de pele-a-pele, é possível obter um controle de temperatura tão bom quanto o da incubadora", acrescenta.


Expansão internacional

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O método não só conseguiu reduzir a mortalidade, mas melhorou o desenvolvimento dos bebês. Com o tempo, foi se expandindo a outros hospitais colombianos e tornou-se conhecido também em outros países, mas não foi inicialmente bem recebido pela comunidade pediátrica internacional.


"O doutor Rey publicou suas observações empíricas. Mas faltava avaliar os resultados a longo prazo, o que havia acontecido com os bebês que não precisavam regressar para consultas no hospital, como estava seu estado de saúde, etc. E isso gerou uma rejeição da comunidade médica tanto na Colômbia quando no resto do mundo", diz Charpak.

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Contato contínuo


Foi apenas nos últimos anos que finalmente se conseguiu validar com sucesso os benefícios desta estratégia para recém-nascidos prematuros, e estudos têm mostrado que o método reduz ainda as complicações de saúde, tanto físicas quanto mentais, associadas ao baixo peso ao nascer.

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"Em 1986 criamos a Fundação Canguru, para avaliar os resultados a longo prazo do método. E nos últimos 15 anos recebemos 60 equipes de 30 países. Na América Latina o método se expandiu rapidamente nas maternidades de clínicas e hospitais", diz a pediatra.


Ela destaca o caso do Brasil, onde o método foi implementado em 1997 e, dez anos depois, oficializou-se como política pública com a publicação de uma portaria do Ministério da Saúde.


Estudos realizados em outros países também fortaleceram a ideia de que o método não é apenas indicado como alternativa para nações mais pobres, mas sim uma estratégia que apresenta benefícios em comparação com os cuidados tradicionais.

Charpk diz que hoje o método chega a reduzir em até dez dias o período de internação hospitalar dos prematuros, o que tem "grande valor em todos os lugares, e não só em países em desenvolvimento". Além disso, o MMC reduz a taxa de infecções, favorece a produção de leite da mãe e faz com que o bebê aumente de peso mais rapidamente.


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