O Hospital Ortopédico de Londrina vai continuar com o atendimento suspenso aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A paralisação acontece desde o último sábado (20). E a unidade garante: só volta a atender se a Secretaria Municipal de Saúde retomar um repasse fixo por mês para o custeio dos procedimentos. Até o final do ano passado, o hospital recebeu R$ 200 mil mensais do poder público. "Com os descontos, sobravam R$ 184 mil para a realização dos atendimentos", completou o médico do corpo clínico do Ortopédico, Vanderlei Bernardo, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (22).
No início deste ano, a instituição pediu um acréscimo de R$ 30 mil no repasse fixo, mas recebeu a resposta de que o valor iria ser cortado pela metade. "A verba já era insuficiente e iria continuar pequena mesmo com o reajuste", destacou Bernardo.
O médico também rebateu as declarações do secretário municipal de Saúde, Francisco Eugênio de Souza, que alegou que o município só cortou o repasse pela metade após detectar que o hospital não estava cumprindo a meta de atendimentos estabelecida em contrato. "Realizávamos mais de três mil atendimentos por mês e a ata de uma reunião do Conselho Municipal de Saúde, ocorrida no último dia 19, comprova isso", disse, mostrando o documento.
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No entendimento de Bernardo, o secretário de Saúde está "mal assessorado, mal intencionado ou mal informado". "É um absurdo dizer que o dinheiro até então repassado era suficiente para a realização dos atendimentos. Em suas declarações, o secretário esqueceu de levar em conta que o hospital é uma instituição privada e não filantrópica. Ou seja, a unidade precisa manter uma estrutura funcionando e pagar impostos sem receber qualquer tipo de doação", argumentou.
A Secretaria de Saúde, por outro lado, cita parecer da Procuradoria Jurídica do Município que comprova que o Ortopédico estava realizando menos atendimentos do que o número previsto em contrado. O poder público orienta o usuário do SUS a procurar outras unidades quando precisar de atendimento no setor ortopédico, como os hospitais Santa Casa, Evangélico e os da Zona Norte da Zona Sul.
Santa Casa
Na coletiva desta segunda-feira, o médico do Ortopédico revelou, ainda, que a Santa Casa de Londrina está com problemas para manter as escalas de plantão dos médicos ortopedistas. A assessoria de imprensa do hospital confirmou a informação e comunicou que apenas cinco dos 13 profissionais aceitaram continuar cumprindo as escalas. Os demais estariam descontentes que o valor oferecido pelo SUS para o pagamento da consulta médica.
O repasse é considerado baixo pelos médicos. Os ortopedistas que continuam trabalhando na Santa Casa estão precisando se revezar para atender todos os casos. Apesar do problema, ainda não houve o registro de prejuízos para os usuários.