Óleo essencial de orégano e nanopartículas de prata aplicados em gel mostraram excelente atividade antibacteriana, auxiliando no combate, inclusive, de bactérias consideradas multirresistentes, e de outros microrganismos. A combinação dos três compostos é inédita e rendeu ao Laboratório de Microbiologia, do Centro de Ciências Biológicas, da UEL (Universidade Estadual de Londrina) o depósito de pedido da sua 15ª patente no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) no início de fevereiro. A formulação é uma alternativa para evitar infecção em feridas e queimaduras e tem potencial para ser aplicada tanto em humanos quanto em animais.
A pesquisa é realizada pela mestranda Larissa Ciappina de Camargo, no Programa de Pós-graduação em Microbiologia, com orientação da professora Renata Kobayashi. Ela está no primeiro ano do mestrado e as pesquisas com os compostos tiveram início há cinco, quando a estudante estava na IC (Iniciação Científica).
Essa pesquisa com gel é continuidade de outro estudo realizado anos antes pela estudante Sara Scandorieiro, durante o mestrado no mesmo programa. Na ocasião, foi descoberto que a combinação entre óleo de orégano e nanopartícula de prata era de grande potencial antibacteriano, o que rendeu o registro de patente em 2014. Larissa participou da pesquisa como estudante de IC e no mestrado identificou um componente ao qual essa combinação pudesse ser aplicada, desenvolvendo então o gel com propriedades antimicrobianas.
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A pesquisadora explica que a prata já é utilizada como bactericida e, dentre os metais, é a que melhor apresenta atividade antimicrobiana, além de ter potencial de cicatrização. O orégano, da mesma forma, é muito potente no combate à ação de bactérias. Utilizados em conjunto, os componentes atuam sinergicamente, potencializando sua ação, em que menores quantidades possuem a mesma eficiência. Um dos pontos fortes, segundo Renata, é que a combinação desses dois compostos torna mais difícil a seleção de bactérias multirresistentes. Outro ponto é a aplicação tópica, ou seja, na pele, sendo forma mais segura do que a via oral ou intravenosa, por exemplo.
O gel não foi descoberto logo no início da pesquisa. Primeiro, foram realizados testes com loção oleosa, depois tentativa com pomada e creme, mas sem sucesso nos resultados. A indicação de utilização de um gel veio do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Universitário da UEL. Em visita ao local, profissionais disseram que precisavam de um produto mais aquoso, como um gel, que fosse mais fácil de aplicar e também de retirar, para fazer a higienização das feridas nos pacientes queimados. Após testes e misturas, a combinação deu certo e a aplicação em roedores comprovou que o produto criado trazia bons resultados.
O produto pode atuar na prevenção e profilaxia para infecção em queimaduras. "Essa combinação é uma alternativa para combater essas superbactérias, presentes no ambiente hospitalar. Antes da pessoa desenvolver a infecção, aplica-se o produto para evitar que tenha infecção por aquela porta de entrada", afirma Larissa.
Os pesquisadores veem grande potencial no produto desenvolvido, porque hoje no mercado o que há é a sulfadiazina de prata, produto que deve ser evitado por quem tem alergia à substância, pode causar argiria, pela qual o paciente fica com a pele azulada devido ao acúmulo de prata no organismo, além de mais facilmente selecionar bactérias resistentes à prata. "O gel vem como um substituto para o que se tem atualmente", afirma a orientadora.