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Blindar cérebros

Remédio antimalária dá resultado contra zika

Agência Estado
06 mai 2016 às 10:17

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- Divulgação
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Um medicamento já usado contra a malária pode ser eficaz para blindar o cérebro de fetos contra a infecção pelo vírus da zika. Estudos em laboratório mostraram que a cloroquina protegeu neurosferas, estruturas celulares que reproduzem o cérebro em formação, em até 95%. O trabalho de pesquisadores dos Institutos de Biologia e de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D’Or de Pesquisa está disponível na bioRxiv - rede pública de compartilhamento de estudos científicos inéditos, mas ainda não revisados por profissionais independentes.

As estruturas foram expostas ao zika e depois tratadas, por cinco dias, com cloroquina em diferentes concentrações. Os testes mostraram que a droga inibiu a infecção e reduziu o número de neurônios infectados, protegendo-os contra a morte pelo vírus. A cloroquina baixou a quantidade de células infectadas entre 65% e 95%, em comparação com as não tratadas.

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"Nossos resultados sugerem que a ação da cloroquina contra o zika deve ser imediatamente avaliada in vivo e, se tudo der certo, vai atenuar os danos cerebrais devastadores da síndrome congênita do zika e as lesões neurológicas em adultos", diz o artigo, assinado por Rodrigo Delvechio, Stevens Rehen e Amílcar Tanuri, entre outros pesquisadores.

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"A grande vantagem nessa corrida contra o vírus é que a cloroquina já é uma droga amplamente usada e não é contraindicada para grávidas. A ideia é que a pessoa comece a tomar antes de engravidar como forma de proteger o feto desde o primeiro dia", afirmou o diretor do Instituto de Biologia da UFRJ, Rodrigo Brindeiro.

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Ele ressaltou que é preciso fazer testes clínicos com animais e humanos. Em uma próxima fase, a cloroquina será testada em minicérebros, estruturas celulares mais complexas que as neurosferas, que simulam cérebros de fetos de três meses.


Reativação

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Os pesquisadores do Instituto de Biologia da UFRJ também estudam casos em que o vírus é reativado no paciente, após alguns meses. "Estamos detectando no nosso laboratório casos de reinfecção. Quero alertar para isso porque tem a ver com o agravamento do quadro clínico associado ao zika do ponto de vista neurológico", disse Brindeiro.


No segundo aparecimento dos sintomas, os doentes têm dor articular mais forte, que faz com que o diagnóstico se confunda com chikungunya. O exame mostrou que era zika. Os pacientes tiveram meningite e mieloencefalite. "É difícil acreditar em reinfecção porque o vírus é, ao contrário do da dengue, extremamente monótono, e os anticorpos já deveriam estar protegendo a pessoa contra uma nova infecção. A gente acredita que é uma reativação do vírus", afirmou Brindeiro.

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Mortes


Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, tem estudado mortes de adultos causadas por zika. Ele investigou três casos de pessoas que desenvolveram encefalites. Os pacientes tinham diabete, lúpus e púrpura trombocitopênica (doença autoimune que destrói plaquetas). "Observamos que algumas pessoas nessas condições, por algum problema ainda não identificado, talvez genético, são mais suscetíveis a morrer", disse.


A pesquisa, submetida à revista científica Nature Medicine, mostra que o zika atinge sobretudo os neurônios, mas foi encontrado no coração, pulmão, rins e fígado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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