O Rio de Janeiro registrou os três primeiros casos de febre chicungunya, doença semelhante à dengue, também transmitida pelo Aedes aegypti. Os pacientes foram infectados em viagens ao exterior e tiveram sintomas considerados leves. Em todo o País foram confirmados 20 casos da doença, 11 deles em São Paulo.
Os casos do Rio de Janeiro foram registrados em 22 de maio e 23 de junho. Os dois primeiros pacientes eram missionários que regressaram do Haiti; um morador da capital e outro de Nova Friburgo, na região serrana, informou o Ministério da Saúde. Em junho, a Secretaria Municipal de Saúde da capital atendeu num posto público uma mulher que havia viajado para a República Dominicana - o primeiro caso importado daquele país; os outros 19 foram contaminados no Haiti. Ela passou dois dias internada e recebeu alta.
"Nenhum dos 20 casos registrados no Brasil apresentou gravidade. Alguns pacientes permaneceram internados mais para investigação do que por necessidade", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Sáude, Jarbas Barbosa.
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Barbosa informa que, desde o ano passado, quando foram registrados os primeiros casos de transmissão no Caribe, o Ministério da Saúde enviou médicos para se familiarizarem com a doença e o tratamento. "Também compramos insumos para formar uma rede de laboratório de referência para identificar a doença". Entre eles estão os institutos Evandro Chagas, no Pará, Adolfo Lutz, em São Paulo, e Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
"O nome é complicado mas a prevenção é simples. Como na dengue, é preciso mobilizar as pessoas para erradicação de focos do mosquito. Não há um tratamento específico, mas de sintomas como dor nas articulações, dores musculares, febre alta", afirmou Barbosa.
O superintendente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, diz que não há motivo para alarde no Rio de Janeiro. "Não tem evidência de circulação do vírus no Estado. Todos os casos tinham vinculo epidemiológico claro de que a infecção ocorreu fora do País. A preocupação é evitar a circulação, para que no futuro não tenha epidemia", afirmou Chieppe.
Nos casos registrados no Rio de Janeiro foram feitas ações de bloqueio, para evitar que mosquitos A. aegypti tivessem picado os pacientes, se contaminado e se transformado em transmissores da doença. Nessas ações, imóveis num raio de cerca de 200 metros são pulverizadas com inseticidas e receberam tratamento para focos do mosquito.
Pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz, publicada no Journal of Virology, mostra que os insetos que circulam por aqui têm alta capacidade para transmitir a febre chikungunya. O trabalho mostrou que tanto o A. aegypti quanto o Aedes albopictus têm potencial elevado de disseminar a febre.