A Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) comemora o Dia Nacional de Combate ao Câncer com um importante alerta à população: o fumo está ligado à origem de tumores malignos em oito órgãos: boca, laringe, pâncreas, rins e bexiga. O câncer de pulmão, colo do útero e esôfago, que ocupam o topo do ranking de mortalidade no Brasil, completam as neoplasias que têm o cigarro como principal fator de risco.
"Todas as medidas de prevenção devem ser voltadas para coibir o tabagismo desde o início até a cessação. É importante alertar a população que, quanto mais tempo fumar, mais precocemente começar e maior carga tabágica consumida por dia, as chances de desenvolver o câncer aumentam progressivamente", explica a médica Ilka Lopes Santoro, presidente da Comissão de Câncer da SPPT.
Entre os 1,25 bilhões de fumantes em todo o mundo, mais de 30 milhões são brasileiros. O fumo é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) é esperado para 2010 27.630 novos casos.
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Câncer de pulmão
Esse tipo de neoplasia é silencioso. Um dos sintomas mais frequentes, a tosse, muitas vezes é considerada pelo paciente, e até mesmo pelo médico, como a tosse habitual do fumante. O sangramento eliminado junto com a expectoração é um sinal mais efetivo, mas nesse caso pode ser que o câncer já esteja em um estádio avançado, o que impossibilita tratamento mais efetivo, a cirurgia.
Atualmente, há um grande avanço tecnológico nos aparelhos de imagem. A tomografia computadorizada tem boa resolução, o que facilita o diagnóstico e o acompanhamento clínico dos pacientes durante o tratamento.
O tratamento mais efetivo é o cirúrgico, mas em casos de câncer em estágio avançado, esse procedimento não está indicado e deve ser considerada terapia paliativa. Entre a as terapias para neoplasia de pulmão temos a quimioterapia - neoadjuvante, adjuvante ou exclusiva -, que confere vantagens à sobrevida e qualidade de vida do paciente.
"Para alguns casos específicos de câncer de pulmão, já é uma realidade o tratamento individualizado, ou seja, drogas que agem melhor em determinadas subpopulações de pacientes, e que respondem mais ao tratamento específico devido às mutações individuais do tumor", comenta dra. Ilka.
Ações à população
Para a pneumologista, a nova lei antifumo, já em vigor em diversas partes do país, inclusive no Estado de São Paulo, acabando com os fumódromos e restringindo o fumo em locais fechados, é fundamental no processo de conscientização dos cidadãos. Grande parte de novos casos de câncer poderiam ser evitados com mudanças de hábitos e comportamentos de risco, como eliminação do tabagismo.
"As campanhas de educação devem começar nas escolas. Além disso, é fundamental estimular que os médicos, tanto pneumologistas quanto clínicos gerais, dediquem ao menos cinco minutos de suas consultas para explorar o assunto com o paciente e alertá-lo dos males que o tabagismo acarreta na saúde como um todo", completa.