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Tempo seco aumenta a poluição e pode causar doenças graves

Larissa Teixeira - Folhapress
05 out 2020 às 08:57
- Pixabay
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A poluição, comum nesta época de tempo seco, provoca prejuízos ao meio ambiente e para saúde. Quando há queimadas e falta de chuva, a situação piora. Para especialistas, manter uma rotina saudável e reivindicar políticas públicas são essenciais contra o problema.


Segundo Mariana Matera Veras, pesquisadora e especialista em poluição do ar e saúde humana pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), a poluição é composta por gases e material em partículas. Ela pode ser originada na queima de combustíveis fósseis, emissão de indústrias e incêndios em florestas, por exemplo. Nas casas, o uso do fogão a lenha, lareira e fumar cigarro poluem o ambiente interno.

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Em 15 de setembro, as queimadas no Pantanal e no interior de São Paulo aumentaram a faixa de poluição na capital paulista. Até o último dia 30, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 4.998 focos de incêndio no estado, um crescimento de 87% se comparado ao mesmo período do ano anterior.

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"A somatória de poluição com ar seco facilita a respiração desses materiais nocivos", diz José Roberto Megda Filho, pneumologista e professor da Faculdade de Medicina de Taubaté.

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Segundo o médico, o problema aumenta a irritação das vias respiratórias. Pessoas predispostas a alergia, com asma e rinite, tendem a ter mais crises quando a poluição está elevada.


Mariana explica que, quanto menor for o material particulado, maior a chance de ultrapassar as barreiras do organismo e agravar ou causar doenças. A longo prazo, a inalação constante pode provocar problemas respiratórios, cardiovasculares, impactos no sistema endócrino e até interferir no desenvolvimento dos bebês.

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"As partículas são reconhecidamente cancerígenas para o ser humano. São associadas ao câncer de pulmão e, possivelmente, ao de bexiga", afirma.


O médico complementa com a possibilidade de a inalação de poluentes poder causar câncer nas áreas da cabeça e pescoço.

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Com o novo coronavírus, que ataca principalmente o sistema respiratório, Mariana diz que a pessoa com um pulmão comprometido devido à poluição pode sentir mais efeitos na saúde ao se contaminar. Ela menciona que há estudos no exterior que relacionam altos índices de poluição com mais mortalidade por Covid-19.


Hidratação ajuda a minimizar impactos da poluição Para lidar com a exposição ao ar poluído, a pesquisadora Mariana Matera Veras e o pneumologista José Roberto Megda Filho recomendam beber muita água, lavar o nariz com soro fisiológico e ingerir alimentos saudáveis.

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Mariana explica que alguns cuidados podem ajudar às pessoas, mas não é possível se proteger totalmente do problema. "A poluição é um inimigo invisível, é diferente de tomar um copo com água suja", diz.


Além disso, a pesquisadora afirma que a população precisa pressionar as autoridades para que políticas públicas voltadas para o meio ambiente sejam implementadas. O uso de combustíveis não poluentes, ampliação do transporte sobre trilho e melhoria dos padrões de qualidade do ar são exemplos.

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Outra possibilidade é mudar o comportamento pessoal e diminuir o consumo de produtos. "Quase tudo que consumimos passou por um processo industrial e ele acaba tendo impacto com emissões para a atmosfera", explica.


Como a poluição afeta a saúde

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O QUE É POLUIÇÃO?


Formada por compostos gasosos e materiais particulados


Entre os gases, há monóxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e outros que se formam a partir da interação química entre eles


Material particulado: partículas muito pequenas medida em micrômetros (micrômetro = um milímetro dividido por mil) –as maiores têm mais de 10 micrômetros; as grossas medem 10 micrômetros; já as finas tem 2,5 micrômetros; há ainda as ultrafinas, com 0,1 micrômetro (quanto menores, maior é a chance delas ultrapassaram as barreiras do organismo)


De onde vem?


Queima de combustíveis fósseis (como os utilizados em carros)
Polos industriais
Queima de biomassa (fogo em florestas ou usado na agricultura)
Poluição doméstica: produzida dentro de casa por lareira, fogão a lenha, fumantes etc.


No tempo seco


Período em que a qualidade do ar fica ruim e a poluição aumenta
Possibilita que as partículas nocivas sejam inaladas com mais facilidade
Além disso, a fumaça de queimadas colabora para piorar a qualidade do ar
A chuva "lava" a atmosfera e diminui os níveis de poluição


EFEITOS NA SAÚDE


A poluição pode agravar ou provocar doenças
Quando as partículas são inaladas, se movimentam pelo organismo e causam inflamações sistêmicas
Elas podem se acumular em determinadas áreas, como no pulmão
Ou cair na corrente sanguínea e ser levada para qualquer parte do corpo humano, podendo levar a problemas cardiovasculares, respiratórios e efeitos nos sistemas endócrino e nervoso


Curto prazo


Irritação nos olhos, como ardor e secura
Dificuldade para respirar, como se o ar estivesse "pesado"
Tosse e Irritação das vias áreas
Os gases reagem com a umidade do nariz e olhos
As partículas se depositam nas superfícies e tornam o muco mais denso, comprometendo o sistema de defesa e permitindo que outras partículas entrem no corpo
Pessoas predispostas a alergias - com asma, rinite, bronquite e sinusite, por exemplo - tendem a ter mais crises quando a poluição está elevada


Longo prazo


Problemas respiratórios como DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e enfisema pulmonar
Problemas cardiovasculares, como hipertensão e infarto
O material particulado é uma substância com potencial cancerígeno
Ele pode causar câncer de pulmão, câncer nas regiões do pescoço e da cabeça e, possivelmente, câncer de bexiga
Exposição crônica à poluição pode levar a diminuição da expectativa de vida em torno de três anos, dependendo do local


Na gestação


A poluição pode afetar bebês em desenvolvimento na barriga da mãe, fazendo com que nasçam com baixo peso (menos de 2,5 kg), eventual prejuízo na função respiratória e predisposição para outras doenças no futuro como diabete, hipertensão e obesidade
Em ambientes saudáveis, é provável que a criança cresça e leve uma vida normal
Esses efeitos podem ser sentidos ao longo da vida caso haja contato com situações prejudiciais, como doenças no sistema respiratório


Quem é mais afetado?


Os efeitos da poluição são sentidos de maneiras diferentes para cada pessoa
Pode depender da idade, doenças pré existentes, uso do cigarro e fatores socioeconômicos por exemplo


Crianças e idosos tendem a ser mais afetados


As crianças, por terem sistema imunológico em desenvolvimento e mais proximidade com o solo, podem colocar a mão contaminada na boca etc.
Já os idosos têm o sistema imunológico mais enfraquecido devido a idade


Pessoas financeiramente menos favorecidas costumam sofrer impactos maiores


Elas se expõem mais, ao passar muito tempo no trânsito, pontos de ônibus etc.
Podem morar em regiões com condições inadequadas de saneamento ou próximo a indústrias
Diante do aumento do preço do gás, podem precisar de lenha para cozinhar
Pode faltar acesso a saúde e a informação


COMO LIDAR?


Ações individuais não são capazes de proteger alguém totalmente
Ainda assim, há medidas que podem reduzir os seus impactos


No dia a dia


Procure se hidratar, bebendo muita água
Vale lavar o nariz com soro fisiológico
Tenha uma alimentação saudável
Pratique atividade física, ao menos 120 minutos por semana
Prefira fazer corridas e caminhadas em áreas verdes ou ruas mais tranquilas
Se possível, não fique próximo de queimadas e evite vias movimentadas em horários de pico


Para toda a sociedade


Fique atento às políticas públicas estaduais e municipais
Pressione os governantes e membros do legislativo, para que as políticas sejam implementadas, com melhoria nos padrões de qualidade do ar, haja ampliação do transporte sobre trilho etc.
Preserve e reivindique áreas verdes, importantes para a qualidade do ar, saúde individual e interação com outras pessoas
Busque reduzir o consumo de produtos industrializados, já que para serem produzidos houve emissão de poluentes

Fontes: Mariana Matera Veras, pesquisadora científica, especialista em poluição do ar e saúde humana e doutora em fisiopatologia experimental pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e José Roberto Megda Filho, pneumologista e professor da Faculdade de Medicina de Taubaté.


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