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Diz especialista

Uso abusivo de álcool no carnaval pode transformar festa em pesadelo

Redação Bonde com Assessoria de Imprensa
25 fev 2020 às 17:45
- iStock
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Não dá para negar: muitos brasileiros encaram a bebedeira como uma extensão do Carnaval e acreditam que nesses quatro dias de folia tudo é permitido. Esse comportamento, principalmente entre os jovens, confere erroneamente às bebidas alcoólicas o título de protagonista da festa nos bailes em salões e nas passarelas do samba espalhadas pelas ruas Brasil adentro. Essa prática é bem comum porque o álcool e outras substâncias ajudam o público a ficar mais desinibido para aproveitar ao máximo os dias de folia.

Os próprios hábitos dos brasileiros contribuem para essa situação. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a ingestão de álcool puro ao ano por pessoa no Brasil chegou a 8,9 litros em 2016, superando a média mundial de 6,4 litros.

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Outro estudo demonstra que a relação com o álcool começa cedo, geralmente por incentivo de parentes e amigos. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em 2015, 73% dos escolares na faixa etária de 16 a 17 anos já experimentaram uma dose de bebida alcoólica e cerca de 37% deles sofreram algum episódio de embriaguez na vida.

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Na opinião da psiquiatra Alessandra Diehl, especialista em dependência química, sem dúvida, o álcool é o grande vilão do Carnaval. "Como a folia dura quatro dias, as pessoas tendem a beber - sem intervalos - durante todo esse período. A sociedade, em geral, costuma encarar o uso de substâncias tóxicas ao organismo como algo recreativo, principalmente em ambientes de festa”, diz.

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Ela acredita que nesse momento, mesmos aqueles que não têm costume de beber, acabam fazendo por influência dos amigos, principalmente. "Ocorre um tipo de pressão social para o consumo de álcool e outras drogas durante o Carnaval. Além disso, a falsa sensação de prazer e relaxamento, proporcionada pelos "porres”, é mais um fator que leva a pessoa a querer aumentar o consumo, o que acaba tendo efeitos negativos para si e para os outros”, argumenta a psiquiatra.


Alessandra explica que o uso abusivo de bebidas no Carnaval é perigoso porque, geralmente, o indivíduo experimenta sensações prazerosas. E o que era para ser mais uma brincadeira festiva no feriado pode virar rotina: as pessoas ficam mais propensas a repetir esse hábito e a buscar por mais prazer.

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"As consequências são inúmeras e uma delas é o encurtamento do caminho para a dependência do álcool e outras drogas. Sob o efeito da bebida, o nível de julgamento é alterado e as pessoas se sentem seguras para consumir outras substâncias. Como todos sabem, a bebida alcoólica é a porta de entrada para as drogas ilícitas como a maconha e cocaína, por exemplo”, avisa a psiquiatra.


Lança-perfume e ecstasy também fazem parte da folia

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Quando falamos em Carnaval, outra droga vem em nossa mente é o lança-perfume. Inalável, leva em sua composição cloreto de etila, clorofórmio e alguma essência aromática. O efeito, como o entorpecimento, é parecido com o do álcool. "O lança causa ainda euforia e confusão mental. Era usado livremente no carnaval de todo o país nos anos 20. A substância era borrifada à esmo para os foliões, "perfumando-os” e fornecendo sensações agradáveis”, informa Alessandra.


Ela alerta que o que muitos foliões não sabem é que essa droga é absorvida pela mucosa pulmonar e seus componentes são transportados, via corrente sanguínea, aos rins, fígado e sistema nervoso. O lança ainda libera adrenalina no organismo, acelera a frequência cardíaca, proporcionando sensação de euforia e desinibição ao mesmo tempo. Promove ainda perturbações auditivas e visuais, perda de autocontrole e visão confusa.

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"Outro perigo do lança-perfume é que seus efeitos são rápidos e, por essa razão, os usuários tendem a inalá-lo diversas vezes, potencializando a ação de seus compostos sobre o organismo. Desse modo, o uso abusivo pode desencadear em quadros mais sérios, como falta de ar, desmaios, alucinações, convulsões, paradas cardíacas e até morte. Além disso, por alterar a consciência do indivíduo, permite com que este esteja mais vulnerável a acidentes, assim como acontece com o excesso do álcool”, enfatiza Alessandra Diehl.


Apesar de proibido, o comércio ilegal do lança-perfume e de outras drogas ilícitas corre livremente nos blocos carnavalescos espalhados pelo Brasil. O ecstasy, por exemplo, é mais um "hit” do Carnaval.

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Essa é uma droga sintética, fabricada em laboratório, a partir de componentes não naturais. O nome técnico do ecstasy é MDMA (metilenodioximetanfetamina). Essa substância também é conhecida como "droga do amor”, porque aumenta a percepção de cores e sons, e também amplifica as sensações táteis durante o sexo. "Trocando em miúdos, sua ação estimulante aumenta a temperatura corporal e a sensibilidade ao toque.
No entanto, seu uso combinado ao álcool, algo que é bem comum nos blocos de Carnaval, é um tiro no escuro para usuários e médicos: não se sabe a composição exata da droga, o que complica atendimento em prontos-socorros”, afirma Alessandra Diehl.


Políticas de prevenção


Na visão da especialista, a falta de políticas de prevenção é um dos principais fatores que contribuem para o consumo abusivo de álcool e outras drogas no Brasil, em especial durante a época de Carnaval. A comercialização desse tipo de bebida é feita sem um controle rígido em diversos estabelecimentos, como padarias e lojas de conveniência, e por vendedores ambulantes.

A redução de danos também pode começar em casa e na escola, por meio da educação. A informação é uma ferramenta eficaz para a prevenção. Todos esses assuntos devem ser pauta de conversas constante, no ambiente familiar, escolar e até na publicidade, que deveria ser feita pelas autoridades competentes na área da saúde, segundo Alessandra Diehl. "É preciso bater na tecla, de forma incansável, para mostrar para nossa população que o consumo de drogas pode ser fatal. Vale a pena arriscar a vida em troca de minutos de euforia e ilusão? Cuidar de si e cuidar dos outros é uma máxima para todos que desejam aproveitar o Carnaval de forma saudável, sem riscos de complicações”, finaliza a psiquiatra.


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