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Zika vírus

Vacina esbarrou na burocracia, diz biólogo

Agência Estado
26 fev 2016 às 11:46

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- Divulgação
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Brasileiro radicado há 20 anos nos Estados Unidos, o biólogo Paulo Verardi, de 48 anos, professor da Universidade de Connecticut, mantém sempre um olho nas pesquisas que desenvolve e outro no que acontece no Brasil. Daí que não lhe passou despercebido o surto de zika que começava a ganhar corpo no País no ano passado, ao mesmo tempo em que ele e sua equipe criavam uma plataforma para o desenvolvimento de vacinas.

Num primeiro momento, ele diz que, "como todo o resto do mundo", não se preocupou muito, já que a infecção parecia ter sintomas leves. Mas, quando a suspeita de relação com a microcefalia começou a ser levantada, ainda em outubro, Verardi quase imediatamente se lançou numa busca da vacina.

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Nas últimas semanas, sua história começou a pipocar em reportagens na imprensa americana, que o retratam como talvez o primeiro cientista a entrar nessa corrida. E como um toque de burocracia pode ter atrapalhado o desenvolvimento da tão esperada vacina.

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A vantagem de Verardi se deu numa plataforma que ele desenvolveu - e está em processo de patenteamento e publicação -, que permite produzir candidatos à vacina rapidamente, em coisa de uma semana, a partir do sequenciamento do genoma do vírus. A plataforma tinha ficado pronta justo no começo de outubro e ele aproveitou a chance para testá-la com o zika.

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Com base no genoma do vírus que circulou na Polinésia Francesa em 2014, ele desenvolveu cinco candidatos à vacina e tem investigado quais podem apresentar as melhores respostas imunes à infecção, mas, na hora de checar, in vitro, quais delas podem ser capazes de gerar anticorpos que neutralizem o vírus, esbarrou num detalhe: ele não tinha o vírus. Sem isso, não tem vacina.


Procura
Verardi contou ao Estado que está desde novembro tentando conseguir amostras do zika. Pediu primeiro ao Brasil, sem sucesso. A legislação brasileira que define o acesso aos recursos genéticos exige aprovação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, o que leva tempo. Também tentou com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, que recebeu material brasileiro, mas soube que não haveria distribuição.

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Tentou, por fim, com outros laboratórios mundiais que manipulam vírus para fins de pesquisa, mas eles não tinham o zika disponível. "Quando o mundo acordou para o fato de que haveria demanda, viu-se que ninguém estava preparado."


Logo outros laboratórios mundiais e institutos brasileiros de pesquisa entraram na corrida. "Pela rapidez com que começamos, se eu tivesse o vírus em dezembro, já teria feito testes in vitro e em animais e saberia se esses candidatos funcionam. Talvez pudesse ter uma vacina em testes pré-clínicos", lamenta. Ele conseguiu da Europa uma amostra do vírus, mas não é do que está circulando no Brasil. "Tinha uma vantagem que meio que se evaporou, mas tudo bem."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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